Marca se mantém fiel às origens com cosméticos "de época"

TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Se teve uma coisa que atravessou o século 20 sem mudar, ela se chama Polvilho Antisséptico Granado. O talco já era antigo, e não negava, nos anos 1960. De lá para cá, de tanto resistir ao tempo, sua logomarca art nouveau fez dele um ícone retrô à venda em qualquer farmácia. Espertamente, em vez de tentar reverter o fenômeno, modernizando o produto, a Granado foi fundo nele: nos últimos anos, criou linhas inteiras de beleza e bem-estar inspiradas na época em que surgiu, no fim do século 19.
Já é bem bacana que uma marca brasileira busque referências, ao pensar linhas e logos, não no sempre mutante manual publicitário do que "funciona", mas na própria história. É o que não falta à Granado, nascida "pharmácia" de manipulação no centro do Rio de Janeiro e que teve seu produto mais conhecido, o tal polvilho antisséptico, liberado para uso por Oswaldo Cruz, ele mesmo.
Como a loja dos Jardins mostra, a reinvenção da marca foi primorosa. Nas linhas novas, nomes, tipografias e elementos decorativos tirados de produtos antigos servem de base a desenhos e formatos que, conservando o charme "de época", não deixam de ser atraentes para quem é de hoje.
O melhor exemplo é a linha Pink, que tem como slogan a frase "O bem-estar que toda mulher merece!" e vende itens como manteiga emoliente, esfoliante de pedra-pomes e sachês escalda-pés em embalagens rosa-choque com dourado. O perfume, que nunca foi o forte da Granado, é o bônus extra; e o preço, camarada, convida a incorrer no kit completo.
Também dão vontade as águas de rosas, citrus e lavanda da linha Phebo, outra marca de excelente memória, comprada pela Granado (R$ 50 o vidrão de 200 ml); e a charmosa linha Vintage, que reedita quatro aromatizadores centenários com rótulos e nomes originais: alfazol, benjoim, salomé e superfino. As fragrâncias vêm com varetas que você molha no produto e expõe ao ar.