São Paulo, sábado, 17 de janeiro de 2009

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CRÍTICA DE LOJA [questão de gosto e opinião]

Garimpo com pegada étnico-brasileira

A nova loja Caixeiro Viajante tem objetos úteis, inéditos, engraçados... Mas ninguém sente falta de nada daquilo que está lá


Uma cilada do segmento de 'achados' é quando todo mundo vende as mesmas novidades que, ato contínuo, viram a maior carne-de-vaca

TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Precisar, você não precisa de absolutamente nada do que a nova Caixeiro Viajante oferece.
Mas vá se convencer disso, uma vez lá. Expansão do negócio que sempre teve seu cantinho no restaurante ao lado, a Mercearia do Conde, a loja faz uma entrada promissora na seara dos achados de bom gosto, principalmente para a casa.
A pegada é étnico-brasileirinha, com desvios para o retrô e o moderno clássico; tudo é alternativo, no sentido de não facilmente achável, e tudo é meio caro, embora as moças de lá garantam que os preços são "ótimos". Se elas querem dizer, com isso, que são mais razoáveis do que na média das casas do ramo, considerada a qualidade do produto e, sobretudo, a originalidade da escolha, vou ter que concordar.
A loja se safa, e bem, de duas ciladas típicas do segmento. A primeira é quando o consumidor um pouquinho mais informado consegue dizer em qual lugar do Brás o artigo idêntico está à venda por muito menos, e/ou sabe que um bloquinho de papel, por mais chinfroso, jamais custaria o equivalente a R$ 99 no MoMA, de onde veio.
A outra cilada desse segmento de "achados" é quando todo mundo vende as mesmas "novidades", que, ato contínuo, viram a maior carne-de-vaca.
Como sabe quem frequenta o restaurante, a caça ao objeto que faz diferença na vida -seja pela utilidade, a beleza, a graça, o ineditismo ou, de preferência, por tudo isso junto- é uma arte que as donas aperfeiçoam há anos. Com mais espaço, elas criaram uma oferta de surpreender o maior rato de loja, que inclui até cerâmicas nordestinas e brinquedos de corda nunca vistos, entre os últimos um irresistível fusquinha.
Também são novidade, entre muitos outros itens, as saladeiras de madrepérola, as esculturinhas de sucata, os sacos decorados de presente, os prendedores para cabelo de chifre, com guizos na ponta, da Índia; e as bolsinhas bordadas da Guatemala, as bijuterias de miçanga e pedra e os tiptops e camisetas para bebê, com estampas de aviões e dinossauros.
Apesar do cirquinho tcheco de lata, com picadeiro, trailers e bichos (R$ 500), e do velocípede de ferro com cara de antigo (R$ 1.200), o proibitivo não é a regra. Mas tampouco o baratinho. A loja fica aberta até mais tarde, para acompanhar o restaurante. Ou seja: um perigo.


ONDE ENCONTRAR
Caixeiro Viajante
R. Joaquim Antunes, 223, Jd. Paulistano, tel. (11) 3062-3535, São Paulo



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