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DANUZA LEÃO VAI ÀS COMPRAS [colunista em campo]
HIPPIE-CHIQUE
Colunista faz "garimpo" pelas barraquinhas da tradicional feira de
artesanato que acontece todos os domingos em Ipanema, no Rio
DANUZA LEÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Quando viajo, adoro olhar vitrines, mesmo que sejam de casacos de pele que jamais vou
comprar, jóias que jamais vou
ter. Conheço a Madison e a avenida Montaigne de cor, mas nenhuma das duas me tira do sério, sabe por quê? Porque gosto
mesmo é de um bom mercado
com tudo bem baratinho.
Em qualquer cidade que esteja, procuro logo saber onde é
o tal mercado. Todas têm um;
até no Municipal de São Paulo
já fui. E adorei. Mas um mercado ou feira que não tenha só
coisas comestíveis, mas artigos
variados, esses são minha paixão. Um mercado me emociona
e me enlouquece.
A cada vez que estive em
Marrakesh ou em Teerã, ia ao
mercado (que lá se chama
"souk") pelo menos uma vez
por dia e voltava para o hotel
carregada de coisas que na
maior parte das vezes nunca
cheguei a usar, mas, e a alegria
da compra? E a felicidade de ser
tudo barato?
Mas é engraçado, nunca se
vai ao mercado da cidade onde
se mora. A feira hippie de Ipanema é a algumas quadras de
minha casa, e há anos não punha meus pés lá. Mas fui, no último domingo e adorei.
O que é melhor num mercado é quando ele tem absolutamente de tu-do, inclusive coisas que não se encontram nas
lojas. Logo na entrada, dei de
cara com uma cesta com quatro
filhotes de poodle, todos com
gorrinhos de Papai Noel na cabeça, umas paixões (quase levei
todos). Quando vi uma pulseirinha de palha de buriti (R$ 5) e
uma bolsinha de capim dourado (R$ 30) para usar no verão,
daquelas que vão com qualquer
roupa, não resisti. E quase
enlouqueci quando vi uma coisa que eu já tinha esquecido
que existia: uma peteca, alguém
aí sabe o que é?
É claro que na feira tem um
preço para os nativos e outro
para os gringos.
Mas o melhor mesmo foi
quando passei pela galeria de
arte: vi um quadro bem simpático, que eu poria na minha casa
feliz da vida. O vendedor me
perguntou: "E aí, me dá R$
500?". Quando eu disse que
queria só tirar uma foto para o
jornal, ele foi avisando: "Se é
para botar no jornal, então bota
R$ 800". Não é divertido?
A feira tem de tudo: na parte
destinada à decoração, almofadas, pufes de couro, tapetes de
couro de vaca...E mais vestidos
de criança da era pré-Xuxa,com
casa-de-abelha, desses que só
têm em lojas muito chiques;
dependendo do tamanho, custam de R$ 50 a R$ 80.
E ainda tem sandálias que
poderiam estar em qualquer
butique de luxo.
E o quesito gastronomia,
com asinhas de frango, lingüiça
na brasa, empadas, e mais doces tipo de aniversário, brigadeiros e olho de sogra, e ainda
pudim de leite condensado,
cuscuz de tapioca daquele
branco, de coco...
Enfim: a feira é uma grande
festa, com um atrativo fundamental, que é a ausência de
qualquer tipo de música. O único som que se ouve é de um
brinquedinho que imita na perfeição um galo cantando (R$ 1).
Comprei um monte de coisas
e não cheguei a gastar R$ 200,
que delícia.
É curioso: enquanto o mercado de Marrakesh está cheio de
brasileiros, na feira hippie só se
ouve falar francês, inglês e portunhol. Aliás, tinha até barraquinhas com vendedoras argentinas, que tal?
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