São Paulo, sábado, 19 de janeiro de 2008

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DANUZA LEÃO VAI ÀS COMPRAS
[colunista em campo]

HIPPIE-CHIQUE

Colunista faz "garimpo" pelas barraquinhas da tradicional feira de artesanato que acontece todos os domingos em Ipanema, no Rio

DANUZA LEÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Quando viajo, adoro olhar vitrines, mesmo que sejam de casacos de pele que jamais vou comprar, jóias que jamais vou ter. Conheço a Madison e a avenida Montaigne de cor, mas nenhuma das duas me tira do sério, sabe por quê? Porque gosto mesmo é de um bom mercado com tudo bem baratinho.
Em qualquer cidade que esteja, procuro logo saber onde é o tal mercado. Todas têm um; até no Municipal de São Paulo já fui. E adorei. Mas um mercado ou feira que não tenha só coisas comestíveis, mas artigos variados, esses são minha paixão. Um mercado me emociona e me enlouquece.
A cada vez que estive em Marrakesh ou em Teerã, ia ao mercado (que lá se chama "souk") pelo menos uma vez por dia e voltava para o hotel carregada de coisas que na maior parte das vezes nunca cheguei a usar, mas, e a alegria da compra? E a felicidade de ser tudo barato?
Mas é engraçado, nunca se vai ao mercado da cidade onde se mora. A feira hippie de Ipanema é a algumas quadras de minha casa, e há anos não punha meus pés lá. Mas fui, no último domingo e adorei.
O que é melhor num mercado é quando ele tem absolutamente de tu-do, inclusive coisas que não se encontram nas lojas. Logo na entrada, dei de cara com uma cesta com quatro filhotes de poodle, todos com gorrinhos de Papai Noel na cabeça, umas paixões (quase levei todos). Quando vi uma pulseirinha de palha de buriti (R$ 5) e uma bolsinha de capim dourado (R$ 30) para usar no verão, daquelas que vão com qualquer roupa, não resisti. E quase enlouqueci quando vi uma coisa que eu já tinha esquecido que existia: uma peteca, alguém aí sabe o que é?
É claro que na feira tem um preço para os nativos e outro para os gringos.
Mas o melhor mesmo foi quando passei pela galeria de arte: vi um quadro bem simpático, que eu poria na minha casa feliz da vida. O vendedor me perguntou: "E aí, me dá R$ 500?". Quando eu disse que queria só tirar uma foto para o jornal, ele foi avisando: "Se é para botar no jornal, então bota R$ 800". Não é divertido?
A feira tem de tudo: na parte destinada à decoração, almofadas, pufes de couro, tapetes de couro de vaca...E mais vestidos de criança da era pré-Xuxa,com casa-de-abelha, desses que só têm em lojas muito chiques; dependendo do tamanho, custam de R$ 50 a R$ 80.
E ainda tem sandálias que poderiam estar em qualquer butique de luxo.
E o quesito gastronomia, com asinhas de frango, lingüiça na brasa, empadas, e mais doces tipo de aniversário, brigadeiros e olho de sogra, e ainda pudim de leite condensado, cuscuz de tapioca daquele branco, de coco...
Enfim: a feira é uma grande festa, com um atrativo fundamental, que é a ausência de qualquer tipo de música. O único som que se ouve é de um brinquedinho que imita na perfeição um galo cantando (R$ 1).
Comprei um monte de coisas e não cheguei a gastar R$ 200, que delícia.
É curioso: enquanto o mercado de Marrakesh está cheio de brasileiros, na feira hippie só se ouve falar francês, inglês e portunhol. Aliás, tinha até barraquinhas com vendedoras argentinas, que tal?


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