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CRÍTICA DE LOJA
[questão de gosto e opinião]
O JAPÃO É LOGO ALI
Loja leva um pouco da Liberdade para a Vila Madalena
TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Desde o slogan, a Japonique
parece querer ser uma espécie
de posto avançado da Liberdade no quadrante descolado da
Vila Madalena. Mais do que
apenas vender produtos aceitos e incorporados, como salgadinhos de ervilha, missô e raiz
forte, o que a loja tenta é oferecer uma versão pré-editada, e
mais inteligível, do mix maluco
de produtos à venda no bairro
japonês. Lojas e shoppings caóticos da Liberdade são um prazer reservado a quem tem tempo, paciência e olho-quando
não uma verdadeira vocação
para o consumo-aventura.
Com cara de casa e paredes
cobertas por páginas de mangás, a loja manda bem no desenho do conceito e na seleção,
ainda pequena, de comidas, bebidas, enfeites e utensílios.
Louças e cerâmicas têm preços
mais sujeitos ao "fator zona
oeste" do que outros itens.
Conjuntos de chá com motivos
tradicionais podem chegar a R$
200. O melhor é a irresistível
xícara em forma de gato gordo e
sorridente, em cujas costas se
lê, dizem os vendedores, "Felicidade, venha já" (R$ 54).
A oferta considera "japonistas" aficionados e diletantes.
Para quem leva a culinária japonesa a sério, há cogumelos,
temperos de peixe e macarrões
de trigo de vários calibres; para
quem só quer acrescentar água
quente, há porções individuais
de missoshiro desidratado (R$
8 o pacote com 12) e toda sorte
de chá verde. Corajosos devem
checar a geladeira da loja, com
sorvetes coreanos de melão,
banana, doce de feijão e gasosas
de chá verde, babosa e lichia.
Por reunir itens sérios e divertidos, a loja pode se tornar
uma boa opção para quem busca presentes na redondeza. Se
seguir nessa linha e quiser fazer
jus mesmo ao nome, ótimo, poderia vender mangás e toy art.
Mas só por trazer inspiração
sempre poderosa do design japonês para mais perto, a Japonique já seria um ganho para o
comércio-passeio da Vila Madalena, que costuma carecer,
em diversidade, o que tem de
excesso em número de lojas.
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