São Paulo, sábado, 19 de janeiro de 2008

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CRÍTICA DE LOJA
[questão de gosto e opinião]

O JAPÃO É LOGO ALI

Loja leva um pouco da Liberdade para a Vila Madalena

TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Desde o slogan, a Japonique parece querer ser uma espécie de posto avançado da Liberdade no quadrante descolado da Vila Madalena. Mais do que apenas vender produtos aceitos e incorporados, como salgadinhos de ervilha, missô e raiz forte, o que a loja tenta é oferecer uma versão pré-editada, e mais inteligível, do mix maluco de produtos à venda no bairro japonês. Lojas e shoppings caóticos da Liberdade são um prazer reservado a quem tem tempo, paciência e olho-quando não uma verdadeira vocação para o consumo-aventura.
Com cara de casa e paredes cobertas por páginas de mangás, a loja manda bem no desenho do conceito e na seleção, ainda pequena, de comidas, bebidas, enfeites e utensílios. Louças e cerâmicas têm preços mais sujeitos ao "fator zona oeste" do que outros itens. Conjuntos de chá com motivos tradicionais podem chegar a R$ 200. O melhor é a irresistível xícara em forma de gato gordo e sorridente, em cujas costas se lê, dizem os vendedores, "Felicidade, venha já" (R$ 54).
A oferta considera "japonistas" aficionados e diletantes. Para quem leva a culinária japonesa a sério, há cogumelos, temperos de peixe e macarrões de trigo de vários calibres; para quem só quer acrescentar água quente, há porções individuais de missoshiro desidratado (R$ 8 o pacote com 12) e toda sorte de chá verde. Corajosos devem checar a geladeira da loja, com sorvetes coreanos de melão, banana, doce de feijão e gasosas de chá verde, babosa e lichia.
Por reunir itens sérios e divertidos, a loja pode se tornar uma boa opção para quem busca presentes na redondeza. Se seguir nessa linha e quiser fazer jus mesmo ao nome, ótimo, poderia vender mangás e toy art.
Mas só por trazer inspiração sempre poderosa do design japonês para mais perto, a Japonique já seria um ganho para o comércio-passeio da Vila Madalena, que costuma carecer, em diversidade, o que tem de excesso em número de lojas.


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