São Paulo, sábado, 19 de julho de 2008

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Parece, mas não é

Com exceção da maçã do amor, nada nesta imagem é comestível. A indústria da beleza investe no apelo culinário, dos ingredientes às embalagens de cosméticos

FREITAS
SABONETES vegetais em formato de suspiro e maçã. R$ 22, 90 a caixa com duas unidades, no Boticário

LÍGIA MESQUITA
EDITORA-ASSISTENTE DO VITRINE

A imagem-clichê da mulher com rodela de pepino nos olhos não pertence só ao passado. Faz conexão com o presente, porque esta é a era dos cosméticos gourmand. No século 21, a indústria de beleza aposta em ingredientes de uso culinário.
A Natura relançou este ano uma linha nesse tom, com 44 produtos. A linha gourmand da Avon, criada em 2005, hoje conta com 14 itens, cinco lançados este ano. A L'Occitane colocou 22 produtos desse tipo no mercado nos últimos meses.
Além de fórmulas com ingredientes naturais e aromas saídos da cozinha, formas e embalagens remetem a comida. A idéia é fisgar a consumidora pelo estômago, fazê-la salivar antes mesmo de saber dos supostos benefícios estéticos.
"É a era do sensorial. Cosmético tem que dar prazer. Aí entra o lado gustativo", diz a engenheira e cosmetóloga Sonia Corazza. "Hoje é grande a percepção retronasal, o fazer salivar. Olfato e paladar liberam endorfina, as pessoas ficam felizes e a pele, mais bonita", diz.
"Cosmético não é só necessidade, é prazer tátil, visual. Isso, mais o beneficio do ingrediente", diz Rebeca Gabrielli, 35, gerente da L'Occitane no Brasil.
Segundo a dermatologista Mônica Fiszbaum, ativos naturais funcionam melhor em cosméticos do que "in natura". "Quando são manipulados ou feitos pela indústria, têm todo um preparo, um pH ideal e são regulamentados", diz. Entre os ingredientes que ela usa em suas fórmulas estão açaí, rico em vitamina C, água de maracujá, que controla a oleosidade, e semente de damasco, um esfoliante natural.
Cosméticos gourmands buscam trabalhar os cinco sentidos. Não por acaso, os cremes parecem sobremesas. "Pacientes não gostam de cremes muito melados, por isso texturas de espumas e musses são usadas. Secam rápido e dão sensação de limpeza", diz Mônica.
"Buscamos texturas que se pareçam mais com alimentos", diz Oduvaldo Viana, gerente de inovação da Natura. É esse também o foco da Avon, diz a gerente Elisabete Rodrigues.
Embalagens e formatos estão mais tentadores: cremes em bisnaga de confeiteiro, sabonetes iguais a chocolates...
Mas o melhor do cosmético gourmand é que esse é um prazer que não faz ninguém ganhar quilinhos a mais.


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