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GÔNDOLA [conheça melhor tudo que chega aos supermercados]
A "Guerra" das Santas
LÍGIA MESQUITA
EDITORA-ASSISTENTE DO VITRINE
Sob nova direção, o empório
mais chique de São Paulo agora
se orgulha de ter "de sabão em
pó a queijo Serra da Estrela",
como diz a frase divulgada pelo
marketing. O Santa Maria, 15
anos de vida, foi comprado pelo
grupo St. Marche, dono de uma
rede de mesmo nome. O local
passou por reforma e ampliou
sua oferta: agora são 12 mil
itens, contra os 3.000 de antes.
É o Santa Maria querendo ter
cara de supermercado.
A idéia de misturar itens
mais selecionados com coisas
do dia-a-dia soa como estratégia para se aproximar de seu
concorrente mais direto, a Casa
Santa Luzia, nos Jardins. Nessa
outra santa, que faz 82 anos em
outubro, a oferta hoje gira em
torno de mais de 17 mil itens,
entre importados e nacionais.
A reforma fez bem ao Santa
Maria. Os antigos corredores,
que davam a sensação de se estar fazendo compras num lugar
secreto, não existem mais. Agora, na entrada já dá para visualizar tudo e se localizar.
De posse de um carrinho
compacto de plástico, importado da Itália (como avisa a etiqueta com valor em euros que
não foi retirada), o consumidor
pode começar as compras pela
padaria e confeitaria. O forte da
seção são os produtos de fabricação própria. O pão de multigrãos médio (não tem o peso),
custa R$ 7 e vem em bandeja de
isopor. Na Santa Luzia, o mesmo pão sai por R$ 7,10 (425 g) e
tem embalagem tradicional de
pão de fôrma.
No Santa Maria, o hortifruti
carece de variedade e quantidade, o oposto do concorrente. As
poucas frutas ficam expostas
em mesinhas. Entre as "convencionais" estão pêras asiáticas (R$ 16 o quilo, contra
R$ 13,70 na Santa Luzia), pinhas do Norte e romãs.
Na parte de laticínios, já dá
para detectar uma tendência
que domina todas as gôndolas:
ao lado de um queijo nacional
de preço mais acessível é colocado um importado, caro. O
"cream cheese" Danúbio
(R$ 3,59/150 g) tem como vizinho o americano Smithfield
(R$ 15,45/227 g). O Polenguinho (R$ 4,49 a caixa com quatro) está ao lado do francês La
Vache Qui Rit (R$ 15,40 a caixa
com oito). O refrigerador de iogurtes não tem marcas mais baratas, como no da Santa Luzia.
A rotisseria do empório continua oferecendo pratos famosos, como o tortelone de alcachofra (R$ 55 o quilo). A quiche
lorraine pequena (sem peso)
custa R$ 14. Na Santa Luzia, a
de 200 g sai por R$ 7,20.
Saindo da rotisseria, uma
placa chama a atenção: "Diets,
Lights e Étnicos". Étnicos? Na
gôndola, descobre-se que trigo,
pistache iraniano e matzá
kosher são étnicos.
Quem gosta de orgânicos não
irá se dar bem por lá. Há apenas
uma marca de arroz integral e
uma de farinha de linhaça, por
exemplo. Já na Santa Luzia há
um mezanino dedicado aos orgânicos, diets e lights.
Vinhos "alegres"
A adega continua um dos
pontos fortes do Santa Maria.
Na entrada, ao lado do restaurante (são dois, um japonês, no
segundo andar) existe uma loja
da Expand, e dentro do empório, uma seleção própria. Para
quem não quer perder tempo
visitando a Expand, os vinhos
de preços mais acessíveis, antes
vendidos pela loja, agora estão
na adega do empório, identificados com a placa "Imbatíveis".
Os preços vão até R$ 50. Outras
prateleiras levam os nomes
"Alegres","Borbulhantes" e
"Gulosos". Na Santa Luzia, a separação é feitas com placas dos
países de origem dos vinhos.
O sabão em pó, anunciado
com fervor pelo marketing, está lá, sim. Além da marca líder,
outras três. Na Santa Luzia são
sete opções. Entre artigos de
limpeza "selecionados", o Santa Maria tem vassoura de onça
com pá, por R$ 82,80. Item inexistente na outra santa.
Quem precisa comprar um
presente de última hora ou
quer arrematar algo para casa,
encontra no Santa Maria. Tem
panelas Le Creuset, sousplats,
aromatizadores; cosméticos da
L'Occitane, da C/Cosméticos e
flores naturais. Nada disso a
Santa Luzia oferece.
Para adoçar a vida, uma mesa
de chocolates finos, de marcas
como Pati Piva, Cau, Kopenhagen e Saint Phylippe. Desta última, uma caixa com quatro
bombons sai por R$ 32,50! Mas
a vendedora do setor, ao ouvir
dos consumidores a pergunta
"só quatro?", responde: "Mas
tem um aqui que vale por dois".
Na hora de pagar, surpresa:
são só seis caixas contra 20 da
Santa Luzia, e não existe caixa
rápido para até dez volumes.
Para guardar as compras, o empório ainda não aboliu as sacolas plásticas- no concorrente,
são de papel. Mas a Santa Luzia
perde pontos no horário de
funcionamento, que vai de segunda a sábado até as 20h45. O
Santa Maria funciona até as
22h e abre aos domingos.
Na hora de ir embora, um
agrado: os manobristas memorizam a cara do cliente e o carro
e, antes que você entregue o tíquete do estacionamento, o seu
ONDE ENCONTRAR
Casa Santa Luzia
al. Lorena, 1.471, Jardins,
tel. (11) 3897-5000, São Paulo. Seg. a
sáb.: 8h às 20h45.
Empório Santa Maria
av. Cidade Jardim, 790, Jd. Paulistano
tel. (11) 3706-5211, São Paulo. Seg. a sáb.:
8h às 22h. Dom.: 8h às 21h.
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