São Paulo, sábado, 20 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GÔNDOLA [conheça melhor tudo que chega aos supermercados]

A "Guerra" das Santas

LÍGIA MESQUITA
EDITORA-ASSISTENTE DO VITRINE

Sob nova direção, o empório mais chique de São Paulo agora se orgulha de ter "de sabão em pó a queijo Serra da Estrela", como diz a frase divulgada pelo marketing. O Santa Maria, 15 anos de vida, foi comprado pelo grupo St. Marche, dono de uma rede de mesmo nome. O local passou por reforma e ampliou sua oferta: agora são 12 mil itens, contra os 3.000 de antes.
É o Santa Maria querendo ter cara de supermercado.
A idéia de misturar itens mais selecionados com coisas do dia-a-dia soa como estratégia para se aproximar de seu concorrente mais direto, a Casa Santa Luzia, nos Jardins. Nessa outra santa, que faz 82 anos em outubro, a oferta hoje gira em torno de mais de 17 mil itens, entre importados e nacionais.
A reforma fez bem ao Santa Maria. Os antigos corredores, que davam a sensação de se estar fazendo compras num lugar secreto, não existem mais. Agora, na entrada já dá para visualizar tudo e se localizar.
De posse de um carrinho compacto de plástico, importado da Itália (como avisa a etiqueta com valor em euros que não foi retirada), o consumidor pode começar as compras pela padaria e confeitaria. O forte da seção são os produtos de fabricação própria. O pão de multigrãos médio (não tem o peso), custa R$ 7 e vem em bandeja de isopor. Na Santa Luzia, o mesmo pão sai por R$ 7,10 (425 g) e tem embalagem tradicional de pão de fôrma.
No Santa Maria, o hortifruti carece de variedade e quantidade, o oposto do concorrente. As poucas frutas ficam expostas em mesinhas. Entre as "convencionais" estão pêras asiáticas (R$ 16 o quilo, contra R$ 13,70 na Santa Luzia), pinhas do Norte e romãs.
Na parte de laticínios, já dá para detectar uma tendência que domina todas as gôndolas: ao lado de um queijo nacional de preço mais acessível é colocado um importado, caro. O "cream cheese" Danúbio (R$ 3,59/150 g) tem como vizinho o americano Smithfield (R$ 15,45/227 g). O Polenguinho (R$ 4,49 a caixa com quatro) está ao lado do francês La Vache Qui Rit (R$ 15,40 a caixa com oito). O refrigerador de iogurtes não tem marcas mais baratas, como no da Santa Luzia.
A rotisseria do empório continua oferecendo pratos famosos, como o tortelone de alcachofra (R$ 55 o quilo). A quiche lorraine pequena (sem peso) custa R$ 14. Na Santa Luzia, a de 200 g sai por R$ 7,20.
Saindo da rotisseria, uma placa chama a atenção: "Diets, Lights e Étnicos". Étnicos? Na gôndola, descobre-se que trigo, pistache iraniano e matzá kosher são étnicos.
Quem gosta de orgânicos não irá se dar bem por lá. Há apenas uma marca de arroz integral e uma de farinha de linhaça, por exemplo. Já na Santa Luzia há um mezanino dedicado aos orgânicos, diets e lights.

Vinhos "alegres"
A adega continua um dos pontos fortes do Santa Maria.
Na entrada, ao lado do restaurante (são dois, um japonês, no segundo andar) existe uma loja da Expand, e dentro do empório, uma seleção própria. Para quem não quer perder tempo visitando a Expand, os vinhos de preços mais acessíveis, antes vendidos pela loja, agora estão na adega do empório, identificados com a placa "Imbatíveis".
Os preços vão até R$ 50. Outras prateleiras levam os nomes "Alegres","Borbulhantes" e "Gulosos". Na Santa Luzia, a separação é feitas com placas dos países de origem dos vinhos.
O sabão em pó, anunciado com fervor pelo marketing, está lá, sim. Além da marca líder, outras três. Na Santa Luzia são sete opções. Entre artigos de limpeza "selecionados", o Santa Maria tem vassoura de onça com pá, por R$ 82,80. Item inexistente na outra santa.
Quem precisa comprar um presente de última hora ou quer arrematar algo para casa, encontra no Santa Maria. Tem panelas Le Creuset, sousplats, aromatizadores; cosméticos da L'Occitane, da C/Cosméticos e flores naturais. Nada disso a Santa Luzia oferece.
Para adoçar a vida, uma mesa de chocolates finos, de marcas como Pati Piva, Cau, Kopenhagen e Saint Phylippe. Desta última, uma caixa com quatro bombons sai por R$ 32,50! Mas a vendedora do setor, ao ouvir dos consumidores a pergunta "só quatro?", responde: "Mas tem um aqui que vale por dois".
Na hora de pagar, surpresa: são só seis caixas contra 20 da Santa Luzia, e não existe caixa rápido para até dez volumes.
Para guardar as compras, o empório ainda não aboliu as sacolas plásticas- no concorrente, são de papel. Mas a Santa Luzia perde pontos no horário de funcionamento, que vai de segunda a sábado até as 20h45. O Santa Maria funciona até as 22h e abre aos domingos.
Na hora de ir embora, um agrado: os manobristas memorizam a cara do cliente e o carro e, antes que você entregue o tíquete do estacionamento, o seu


ONDE ENCONTRAR
Casa Santa Luzia

al. Lorena, 1.471, Jardins, tel. (11) 3897-5000, São Paulo. Seg. a sáb.: 8h às 20h45.

Empório Santa Maria
av. Cidade Jardim, 790, Jd. Paulistano tel. (11) 3706-5211, São Paulo. Seg. a sáb.: 8h às 22h. Dom.: 8h às 21h.



Texto Anterior: Maria Inês Dolci: Crime escolar
Próximo Texto: Moda-arquitetura: Saltos ornamentais
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.