Preços e opções decepcionam em centro de outlets na zona norte de São Paulo

Você não entraria naquelas lojas genéricas nem se estivessem doando todo o estoque

TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Certas ilusões não deveriam nunca ser desfeitas. Uma delas se chama Shopping D e se manifesta a consumistas que passam pela marginal Tietê, em geral rumo a um lugar melhor.
Não seria aquilo, como o nome sugere, um paraíso de outlets e pontas-de-estoque, longínquo porém acessível, só esperando ser descoberto?
Para quem se dispõe a checar, a primeira surpresa é que não há acesso pela marginal Tietê. A entrada é uma rua que sai da avenida Cruzeiro do Sul, que por sua vez deriva da avenida do Estado. A essa altura, se você já desistiu, não me admira. Quem vem pela marginal tem de passar pelo shopping e fazer um "tour" no bairro do Pari antes de chegar lá. Considerando o que vem depois, será seguramente a parte mais charmosa do dia.
Na porta, um grupo de 30 pessoas espera pelas 10h para entrar, o que realimenta a expectativa. Mas a visão inicial é inclemente: uma filial das Casas Bahia; uma derivação não muito imaginativa da Preçolândia, chamada Preço Center; e uma loja de móveis rarefeita, daquelas que aparecem no Shop Tour. Para a frente e para o alto, alternam-se vazios e lojas genéricas de surfwear, perfume e "moda" feminina, daquelas que você não entraria nem se estivessem doando o estoque.
As supostas estrelas do Shopping D, para piorar, não fazem grande diferença. No assim chamado outlet da Reebok, as camisetas com os maiores descontos custam R$ 40; na loja da grife Colcci, a vendedora ouvia música de espantar a freguesia, no talo, para não haver dúvida; e uma Centauro oferecia camisetas tristinhas e/ou com fios puxados por R$ 30, além de itens já vistos, inclusive por menos, em outras lojas esportivas como a Decathlon.
É estranho que um país que importou toda sorte de cacoete "made in" Miami não tenha adotado ainda essa grande instituição que é o shopping outlet, onde marcas poderosas vendem seu refugo por um preço, enfim, bem honesto. Enquanto o Shopping D não se transformar nisso, vá ao Canindé, mas só se for para comer no restaurante popular Galinhada do Bahia.