Nova rede capricha no visual, mas deixa a desejar no setor de naturais e orgânicos

Criaram espaços planejados para valorizar o produto, montaram as frutas em pilhas reluzentes

TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Até alguns anos atrás, os sacolões eram uma alternativa mais fixa, mas também mais feia, às feiras livres. O tipo clássico era um galpão meio sujo, com frutas e legumes atirados em bancadas toscas. De olho em um consumidor disposto a pagar mais por algo que seja fresco e saudável, mas também atraente, prático e limpinho, redes como a Oba trataram de valorizar o produto. Criaram espaços planejados, deram aos verdes a fatia mais nobre, arrumaram as frutas em pilhas reluzentes. Em volta, como que acoplados, vêm o açougue, os frios, as bebidas - o supermercado, enfim.
Pelo jeito, o esquema "todo poder aos hortifrúti" pega. O novo Quitanda, com duas lojas na zona oeste, nos bairros de Pinheiros e Lapa, é uma variação simpática do sacolão fino, além de mais um supermercado local que tenta atender às demandas de sua vizinhança qualificada com produtos e serviços d'além bairro. Dois terços do espaço abrigam frutas, verduras e legumes; em volta, há padaria, açougue, peixaria, adega; e, completando o programa, floricultura, café e restaurante com vista para a "feira".
Na categoria loja chique de bairro, a bandeira não chega a exibir o charme de um concorrente como o St. Marche, o que você nota já pelo tapetinho de grama artificial da porta. Também deixa a desejar no setor natureba, que poderia ser mais vitaminado; nos pães, muito convencionais; e na seleção de enlatados e doces, que parece ter parado na gelatina tricolor e no fondue pronto.
Já nas frutas, o supermercadinho é imbatível. Além das corriqueiras, em todas as suas modalidades, vende as difíceis (banana-da-terra, carambola, limão siciliano), as incomuns (romã, graviola, pinha, cupuaçu) e as, com o perdão da ignorância, nunca vistas (atemoia, granadilha).
Mais: perpetuando o adorável costume dos feirantes de oferecer frutas para degustação, deixa provas e palitos à disposição do freguês.
Menos exótica, e com uma oferta de orgânicos mirrada, a seção de vegetais aposta nas folhas pré-lavadas e nos legumes fatiados de todos os jeitos, vendidos pelo dobro do que custaria a coisa inteira no supermercado mais careiro.
A preguiça, a gente sabe, tem seu preço.