São Paulo, sábado, 24 de outubro de 2009

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MARIA INÊS DOLCI [defesa do consumidor]

Final infeliz na TV a cabo


Os filmes têm cheiro de mofo, e o futebol vai encarecer o orçamento do consumidor. Há algo errado nisso


FILMES E FUTEBOL . A maioria das pessoas que paga uma televisão por assinatura, certamente, apontará esses dois tipos de programa para justificar mais uma conta no final do mês.
Não é difícil entender, leitor, por que você assina a Net ou TVA, por exemplo. Mais conforto no lar, a salvo da violência urbana, dos congestionamentos de trânsito, dos flanelinhas ou dos estacionamentos caríssimos da cidade.
O preço, contudo, não é o único problema. Antes fosse. O que mais irrita os telespectadores da TV paga é a repetição de filmes. A sensação de que pagaram por algo que não foi entregue.
No caso dos jogos de futebol, é necessário pagar à parte por pacotes especiais para ver os campeonatos e as partidas mais interessantes, realizados na cidade do consumidor. Pagar duas ou três vezes, portanto.
Ou seja: os filmes têm cheiro de mofo, e o futebol vai encarecer o orçamento do consumidor.
Há algo errado nisso. Até porque os canais pagos, nos últimos anos, estão recheados de propaganda. Quando você finalmente consegue encontrar, na grade de programação, um filme a que ainda não assistiu, tem de se conformar com interrupções nos intervalos comerciais.
Não bastasse tudo isso, as operadoras ainda forçam a barra para encarecer a assinatura dos já clientes, com artimanhas diversas. Como não podem cobrar o ponto extra, inventaram o aluguel do decodificador.
Quem troca de assinatura analógica para digital também recebe um boleto mais caro.
E os serviços não são dignos de cinema, a não ser que você seja fã de filmes de terror.
Por que tratar assim os assinantes? Imagino que pelo mesmo motivo que as operadoras de telefonia celular abusam de nossa paciência. Ou que temos tantos problemas na banda larga: falta de fiscalização, e de sanções quando pisam na bola.
Caberia à Anatel, a agência responsável pelas telecomunicações, exigir padrão de qualidade e de atendimento das TVs por assinatura.
Trata-as, contudo, com a mesma leniência empregada com as operadoras de telefonia. Vale tudo, fez está feito, quem não gostar que desista do serviço. É lamentável, mas o consumidor não conta nada para a Anatel, nem para o Ministério das Comunicações.
As empresas são a prioridade. O telespectador que se contente com finais raramente felizes. Com filmes sem qualidade. Com uma programação que não justifica o valor pago mensalmente.
Atitude temerária, considerando que, hoje, as tecnologias mudam do dia para a noite. Há espaço para disputar esse mercado, basta que haja uma empresa interessada em conquistar o consumidor com programação e serviços de qualidade.
Somente quando surgir uma nova verdadeira opção, poderemos contar com mais qualidade nas TVs por assinatura. Aí, sim, haverá um final feliz para nós. Nossos comerciais, por favor!


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