São Paulo, sábado, 26 de setembro de 2009

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MARIA INÊS DOLCI
[defesa do consumidor]

MAIS RESPEITO COM OS IDOSOS



O Brasil se acostumou a ser chamado de nação de jovens e não se preparou para as mudanças na pirâmide etária

NESTE DOMINGO , comemora-se o Dia do Idoso. A data foi criada, há dez anos, pela Comissão de Educação do Senado, em reconhecimento ao progressivo envelhecimento das populações brasileira e mundial, decorrente dos avanços da medicina e da redução das taxas de natalidade.
Estima-se que, em 2025 -daqui a 16 anos, somente-, haja 2 bilhões de pessoas, no mundo, com mais de 60 anos. Talvez, até lá, a chamada terceira idade comece aos 65 ou 70 anos, porque, vivendo mais, retardamos o processo de envelhecimento.
Mas quais os desafios para os consumidores mais velhos? Bem, em primeiro lugar, cresce a importância econômica dos aposentados, principalmente em regiões mais pobres do Brasil. Não é incomum que avós sustentem filhos e netos com um salário mínimo. E que somem a magra aposentadoria a programas sociais, como o Bolsa Família, na manutenção de casas com até 20 pessoas.
Nas maiores cidades, os idosos lutam com questões como a dos planos de saúde -que se tornam impagáveis à medida que passamos dos 50 anos. O idoso tem alguns direitos diferenciados, como as filas preferenciais em bancos e o passe livre em ônibus e metrôs, mas nem sempre são bem tratados.
O Brasil se acostumou a ser caracterizado por premissas como país do futuro, nação de jovens etc. Não se preparou para conviver com mudanças na pirâmide etária. Pessoas acima dos 60 anos, muitas vezes, só têm oportunidade de conversar, de sair de sua solidão, no caixa do banco ou quando fazem suas compras no supermercado.
Elas esperam um tratamento mais carinhoso e recebem de volta a impaciência das megacidades, como São Paulo, em que todos têm pressa, muita pressa, e nem um bocado de flexibilidade com quem já trabalhou e se dedicou tanto aos outros.
O tempo passa, e necessitamos de pisos antiderrapantes, de cadeiras confortáveis, de atendimento médico de urgência no comércio, em parques e outros locais de grande afluência de público.
Em termos de Justiça, os idosos demandam proteção especial contra todo tipo de golpista, inclusive, lamentavelmente, em algumas situações, contra filhos e outros parentes. Devem ser criadas leis mais duras contra exploradores de pessoas mais velhas.
Há outras ações que poderiam sugerir que respeitamos aqueles que nos deram a vida, os cuidados de saúde, a educação e os primeiros conhecimentos. Mais bailes da terceira idade. Academias de ginástica para idosos. Micro-ônibus com guias e roteiros especiais para diversão e cultura dos aposentados. Mais cursos e atividades culturais.
É fundamental, também, reduzir a mordomia das autoridades que se aposentam com salários nababescos, além dos desvios na Previdência, enquanto a maioria da população não tem sequer a garantia de que manterá a correlação entre o número de salários mínimos da aposentadoria, de seu início até o final.
Idosos precisam mais de respeito do que de homenagens. Palavras o vento leva. Vamos, de verdade, respeitar e tratar bem os mais velhos.


http://mariainesdolci.folha.blog.uol.com.br


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