São Paulo, sábado, 27 de março de 2010

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CRÍTICA DE LOJA [questão de gosto e opinião]

Dos medicamentos à perfumaria

Endereço da Weleda no Itaim tem seu lado de entreposto de produtos naturais, mas mantém o estilo de farmácia tradicional

Apesar de honestíssimos, os cosméticos da marca não são baratos e dependem do discreto marketing da qualidade


Marcelo Justo/Folha Imagem
A loja da Weleda no Itaim, zona oeste de São Paulo, tem cosméticos, almofadas para dores musculares e remédios antroposóficos

TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Weleda foi pioneira na ideia de oferecer uma alternativa natural ao produto da indústria farmacêutica que, na época, ainda estava longe de ser o monstro de agora.
Criada na Suíça nos anos 1920, a marca foi trazida para o Brasil logo depois, pelos ex-donos da clínica Tobias, a primeira alinhada à medicina antroposófica no país. Por décadas, a Weleda manteve aquele ar venerável, vagamente teutônico, da embalagem clássica em branco e azul.
Já faz uns anos que a marca mudou: a linha de produtos cresceu, as embalagens ganharam cor, o logotipo ficou mais moderno. Depois dos óleos de massagem, dos desodorantes de aromas exóticos e dos dentifrícios de luxo, veio a notícia de que a matriz recomprara a Weleda do Brasil. Objetivo: avançar na seara dos cosméticos, que, no resto do mundo, superam as vendas de remédios e fazem a marca faturar muito.
A julgar pelas lojas daqui, o plano não quer pôr em risco o terreno conquistado. As Weledas paulistanas são, antes de tudo, farmácias. Com direito à presença reconfortante de uma moça de branco que manipula fórmulas e olha o calcanhar que a cliente estende diante dela, para ver se arnica resolve.
Verdade que, pelo menos no Itaim, os medicamentos foram empurrados para o fundo, dando o lugar de honra aos cosméticos. Mas não é estranho que, numa loja de marca, o produto próprio seja insuficiente para encher as prateleiras? É o que explica seu lado de "entreposto natural", com chás e almofadas térmicas para dores musculares -aliás, ótimas.
A impressão é que a empresa está tendo dificuldade para emplacar seus sabonetes, cremes e géis. Não seria de admirar. Apesar de honestíssimos e, alguns, como xampus e óleos de massagem, requintadamente perfumados, os cosméticos Weleda não são baratos e dependem do discreto marketing da qualidade. Talvez precisem de ajuda nessa área -de preferência, do gênio que inventou nomes de remédio como Stressodorum, Ansiodorum e Prostatum. Mais no ponto, impossível.


ONDE ENCONTRAR

Weleda Itaim
r. João Cachoeira, 112, Itaim Bibi tel. (11) 3079-8046, São Paulo




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