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Roteiro de férias orgânicas
ANNETTE SCHWARTSMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Consumir comida sem veneno é o novo luxo dos grandes
centros urbanos? Na opinião
de Suzane Strehlau, 44, professora de comportamento do
consumidor da FEI (Faculdade
de Engenharia Industrial), sim.
Para ela, autora do livro "Marketing de Luxo", o hábito de
comprar alimentos orgânicos
ainda está restrito a um grupo
privilegiado, que busca nessa
atitude não só uma opção mais
saudável. "As pessoas se sentem próximas da "vida natural"
ao consumirem orgânicos", diz.
Independentemente da simbologia por trás da escolha, a
professora aponta dois motivos
que impedem esses itens de ganhar mais espaço no mercado.
O primeiro deles é seu custo
elevado, até 60% maior que o
de similares convencionais.
Iracema Marcelino, frequentadora há cinco anos da feira
orgânica do parque da Água
Branca, em São Paulo, não se
importa em pagar mais: "Além
da questão da saúde, o sabor é
diferente", diz ela, que desembolsa R$ 6 por uma alface orgânica sem dor na consciência.
"Hoje, não me acostumo mais
com os outros", diz. E dá a dica:
"Sai mais barato comprar aqui
do que no supermercado".
Os orgânicos custam mais
porque seu cultivo demanda
um cuidado maior com o solo, a
água, a biodiversidade e até
com a mão de obra. "Quanto
mais trabalho dá, mais caro
custa", simplifica Luiz Sartin,
que vende orgânicos em sua loja, em Santana, e na feira do
Mercado Municipal. Além disso, como a produção é menor,
os gastos com distribuição acabam sendo mais altos.
A segunda razão que explica
a difusão precária desses alimentos é a desinformação. "As
pessoas não conhecem os benefícios para a saúde", diz Leda
Martins, freguesa da feira do
Ibirapuera. "Seria preciso fazer
uma campanha educativa junto
à população", sugere. "Os nossos clientes já conhecem bem,
mas tem gente que confunde
orgânico com natural ou hidropônico", diz Aparecida Francisca, uma das feirantes do local.
Mas uma medida tomada pela Supervisão Geral de Abastecimento da Prefeitura de São
Paulo já começou a popularizar
o consumo desses alimentos.
Há dois anos, quando foi lançado o circuito de feiras livres de
orgânicos, três endereços foram inaugurados na capital.
Até o fim do ano, a previsão é
que mais uma seja aberta em
Santana, e que barracas de orgânicos sejam incluídas nas feiras livres comuns da cidade.
A ideia por trás dessa iniciativa é estimular a competitividade, sem intermediários, e assim
reduzir os preços. Além disso, o
contato direto entre produtores e consumidores ajuda a disseminar a cultura da alimentação orgânica. "Além de oferecer
produtos mais saudáveis à população e apoiar a agricultura
sustentável, essas feiras ajudam o orgânico a deixar o estigma de sofisticado para se tornar comum", diz José Roberto
Graziano, 58, supervisor geral
de abastecimento de São Paulo.
Outra vantagem dessas feiras
é poder comprar a granel, evitando o excesso de embalagens
e o desperdício. E, de quebra,
passear, beliscar, pechinchar...
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