São Paulo, sábado, 30 de maio de 2009

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MARIA INÊS DOLCI [defesa do consumidor]

DRAMA NOS ESTACIONAMENTOS



Está na hora de enquadrar esses estabelecimentos em normas rígidas de respeito aos consumidores

ESTACIONAR O CARRO é um dos dilemas das grandes cidades do mundo. Em São Paulo, essa Los Angeles sem grandes obras viárias, para onde vão os impostos que pagamos para comprar e usar nossos automóveis? É difícil se locomover sem um veículo próprio.
Imagino que você enfrente as mesmas dificuldades que eu, ao procurar um local para deixar o carro.
Os preços são estratosféricos. Na região da avenida Paulista, não é raro pagarmos R$ 20 por algumas horas de estacionamento! Até mais, dependendo do dia e do local.
Mas os preços não nos garantem conforto nem segurança. Longe disso. Quem nunca teve o carro arranhado por um manobrista, que, na hora de prestar contas, tirou o corpo fora e disse que não tinha nada a ver com aquilo?
Há relatos também de pneus estepes furtados, o que só é percebido quando se necessita deles ou em revisões mecânicas.
Sou favorável à economia de mercado. Acho que, normalmente, quando o governo se intromete em atividades empresariais, mais erra do que acerta. Faço uma exceção para os estacionamentos.
Está na hora de enquadrá-los em rígidas normas de respeito aos consumidores. E, se possível, que autoridades da Prefeitura Municipal de São Paulo e da Secretaria Municipal dos Transportes conversem com os proprietários desses estabelecimentos e os pressionem para que não abusem dos preços.
Até porque não está longe o dia em que parar o carro nas ruas e avenidas de São Paulo será totalmente proibido. Será isso, ou o estrangulamento absoluto do trânsito.
Em bairros outrora tranquilos, a multiplicação indiscriminada e descontrolada de prédios residenciais tornou quase impossível o fluxo de veículos. Isso vale para carros particulares, táxis e ônibus.
A inauguração de shoppings ou a ampliação de um estádio de futebol tendem a piorar mais a situação.
Não é diferente do que ocorre em Moema, em Pinheiros, nos Jardins ou em outras regiões da cidade "descobertas" pelos empreendimentos imobiliários. Por isso, é muito importante que se possa estacionar com segurança, por preços justos. As ruas já não comportam veículos adicionais, quanto mais estacionados dos dois lados da via, como é comum.
Vocês sabem, também, que o transporte coletivo, sempre citado quando se reclama do trânsito, ainda está a anos-luz de distância da qualidade que tem em outros países, em que há metrôs com centenas de quilômetros de linhas.
Se alguém duvida, recomendo uma visita à estação da Sé, no centro da capital, para ver como é difícil entrar no vagão. E quando você está lá dentro, é esmagado pela quantidade de passageiros, muito superior ao tamanho do espaço disponível.
Há obras de expansão e anúncio de novos trens, mas são uma gota d'água no oceano do transporte de milhões de pessoas por dia.

http://mariainesdolci.folha.blog.uol.com.br


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