Coleção tem três dos melhores filmes do diretor Brian De Palma
Um dos mais importantes diretores do cinema americano nos anos 1970, Brian De Palma é representado nesta coleção com três de seus melhores filmes.
Dois deles, "Irmãs Diabólicas" (1973) e "O Fantasma do Paraíso" (1974), são da segunda fase de sua carreira, quando deixou os arroubos contraculturais de juventude (presentes, por exemplo, em "Greetings" e "Festa de Casamento") para se tornar um mestre da reflexão sobre as dimensões das imagens.
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Cena de 'Irmãs Diabólicas' |
Esse reconhecimento poderia ter vindo antes, segundo o crítico francês Luc Lagier. Em 1970, De Palma filmou "O Homem de Duas Vidas", com Orson Welles como um mágico veterano. Era para ser um projeto audacioso, pensado para alavancar sua carreira definitivamente. Mas o estúdio o impediu que terminasse o filme e o montou à sua revelia, lançando-o comercialmente em 1972.
Tornou-se irreconhecível, segundo o próprio De Palma, que então se vingou de Hollywood com "O Fantasma do Paraíso" (1974), longa que mistura engenhosamente "Fausto" com "O Fantasma da Ópera". É a história de um produtor musical chamado Swan (Paul Williams), que fez um pacto com o demônio e explora seus contratados da forma mais mesquinha possível. Basta, no caso, substituir as gravações por filmagens e os cantores por atores para entendermos a "vingança".
Um ano antes, De Palma filmou o longa que o crítico inglês Robin Wood considerava um dos mais fortes libelos feministas já realizados:"Irmãs Diabólicas". Formalmente, é o primeiro filme explicitamente hitchcockiano do diretor. Nele, vemos duas irmãs siamesas (interpretadas por Margot Kidder) separadas por uma operação que não deu muito certo: uma ficou tremendamente má, e a outra, problemática. Wood tinha razão: é uma brilhante investigação da personalidade feminina, do preconceito dos homens com a feminilidade e da crueldade da sociedade patriarcal nos EUA.
Fechando a coleção, aquele que muitos críticos consideram a obra-prima de De Palma, "Um Tiro no Escuro", em que o técnico de som vivido por John Travolta descobre, durante a captura de sons para um filme, um assassinato como parte de uma grande conspiração política. Som e imagem como partes fundamentais do cinema, mas também como elementos múltiplos e complexos, que podem conter diversos significados. É a obra-prima de uma coleção já bem inspirada.