CINEMA

Buenos Aires 100 km

Argentino expõe infância com segurança e sensibilidade

Ricardo Calil

O crítico Jean-Claude Bernardet cantou a bola há algum tempo: os filmes argentinos, até mesmo os menos ambiciosos e mais convencionais, têm qualidade artesanal e segurança narrativa acima da média do cinema atual. "Buenos Aires 100 km", do estreante Pablo José Meza, é mais uma comprovação dessa tese.

O longa aborda a passagem da infância à adolescência de cinco garotos em um povoado argentino a 100 km da capital. Eles dividem seu tempo entre diversões como o futebol e a bicicleta, a descoberta do desejo e os conflitos familiares.

A influência mais evidente do filme é o cinema de François Truffaut. Do diretor de "Os Incompreendidos" (59), Meza tira a visão agridoce da infância e a sensibilidade para filmar jovens atores.

A limitação decorre de um certo esquematismo do roteiro, que oferece a cada um dos garotos um dilema "clássico" da idade: um sonha se tornar escritor, mas o pai prefere que ele projete edifícios; outro descobre ser filho adotivo; um terceiro fica sabendo que a mãe é infiel ao marido. Mas o convencionalismo das situações não impede que Meza produza alguns momentos tocantes e reveladores.