O ROTEIRO MAIS COMPLETO DE SÃO PAULO |
DE 7 A 13 DE JULHO DE 2006 |
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CINEMABubble Soderbergh acerta em projeto audaciosoRicardo Calil Com "Bubble", o cineasta norte-americano Steven Soderbergh pretendeu iniciar uma grande revolução no sistema de distribuição de filmes. Nos Estados Unidos, sua nova produção chegou ao cinema, ao DVD e à TV com poucos dias de diferença, para que o espectador pudesse escolher a melhor maneira de assistir ao filme -um experimento que despertou admiração e raiva em Hollywood.Não se pode prever qual será o impacto de "Bubble" no futuro do cinema. Mas o filme ao menos promoveu uma pequena revolução dentro da obra de Soderbergh. Depois de uma série de filmes com roteiro e direção virtuosísticos ("Traffic", "Onze Homens e um Segredo"), ele realizou uma produção barata, rodada em vídeo digital, com planos estáticos e sem estrelas. A simplicidade fez bem ao cineasta. Em uma fábrica de bonecas de uma pequena cidade do meio-oeste americano, dois trabalhadores -o jovem Kyle (Dustin James Ashley) e Martha (Debbie Doebereiner), uma mulher mais velha- se tornam amigos. Com a contratação da bela Rose (Misty Dawn Wilkins), a relação fica abalada: Kyle se interessa pela novata, Martha fica ciumenta, e a situação culmina em tragédia. Apesar de escolher a solução dramática mais óbvia, Soderbergh consegue fazer uma interessante investigação da solidão, da apatia e da falta de horizontes na vida interiorana dos Estados Unidos. A maior virtude do diretor foi criar um clima permanente de assombração no ambiente asséptico da fábrica e encontrar nas bonecas uma metáfora perfeita para seus personagens: seres moldados para se tornarem símbolos plásticos da pureza e da felicidade, mas que, em situações de muita pressão, formam bolhas de imperfeição e se transformam em figuras monstruosas. |
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