CINEMA

Herencia

Atriz cativante brilha em longa sensível

Christian Petermann

Alguns filmes, como "A Pequena Jerusalém", em cartaz na cidade, revelam uma visão feminina de mundo e nisto ganham expressividade. É o caso também do argentino "Herencia", escrito e dirigido pela estreante Paula Hernández. Além disso, esta é uma obra que, à semelhança de "Central do Brasil", com Fernanda Montenegro, sustenta-se no poder de uma atriz. No caso, a cativante Rita Cortese ("Cinzas no Paraíso"), conhecida na TV argentina.

Também de forma semelhante ao filme de Walter Salles, o cerne dramático de "Herencia" é uma amizade entre diferentes. Mas, em vez de um "road movie" com senhora e menino, o que se tem é a inspiradora amizade entre dois imigrantes: uma italiana, Olinda (Cortese), que há mais de 40 anos dirige uma cantina em Buenos Aires, e o jovem alemão Peter (Adrián Witzke), que veio à cidade portenha em busca de seu amor. Duas gerações resgatam a identidade e a solidariedade na busca por uma razão para viver.

Digno representante do novo cinema realizado na Argentina, este drama com senso de humor se detém num recorte narrativo banal, mas desenvolvido com sensibilidade e bons personagens secundários.