Índice O ROTEIRO MAIS COMPLETO
DE SÃO PAULO
Guia da Folha
 

DE 8 A 14 DE DEZEMBRO DE 2006

 

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CINEMA

O Crocodilo

Moretti injeta humor e lirismo em filme político

Ricardo Calil

O filme "O Crocodilo" é a produção que os admiradores de Nanni Moretti aguardavam desde "Caro Diário" (93). Nos 13 anos que separam as duas obras, o diretor fez alguns trabalhos respeitáveis, em particular "O Quarto do Filho" (01), mas nenhum que comprovasse a precoce reputação de renovador do cinema italiano.

Seu novo filme cumpre, enfim, a velha promessa. Nele, Moretti atualiza duas grandes tradições do cinema italiano: a comédia e o filme político. "O Crocodilo" é um irônico ataque -direto, mas nada óbvio- a Silvio Berlusconi, ex-primeiro-ministro e dono do maior império de comunicações da Itália.

Mas o protagonista não é Berlusconi, e sim, Bruno Bonomo (Silvio Orlando, magnífico), um produtor de filmes B com enormes dívidas, dificuldades para obter financiamentos e graves problemas em seu casamento com Paola (Margherita Buy).

Sem se dar conta do conteúdo do roteiro, ele se compromete a produzir o longa de estréia de Teresa (Jasmine Trinca), uma agressiva denúncia contra a influência nefasta de Berlusconi na política e na imprensa italianas. Em meio à trama principal de "O Crocodilo", são apresentadas seqüências do filme dentro do filme, em que Berlusconi é interpretado por três atores.

O cineasta aborda essa história com aquela mistura idiossincrática de escracho e lirismo que fez sua fama em "Caro Diário". A idéia de atacar Berlusconi por meio do personagem de Bruno Bonomo pode ser entendida de duas formas: como um apelo à tomada de consciência pelo cinema mercantilista sobre a gravidade da era Berlusconi; ou ainda como uma defesa da "contaminação" do cinema político pelo humor e pela fantasia. Moretti sabe que um filme precisa ser livre para demandar liberdade.
Capa

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