CINEMA

Filhos da Esperança

Denúncias sociais enfraquecem roteiro

Ricardo Calil

Produção britânica dirigida pelo mexicano Alfonso Cuarón, "Filhos da Esperança" imagina um futuro distópico em que a maior parte do planeta foi devastada por guerras nucleares e problemas ambientais, e a humanidade corre risco de extinção porque as mulheres se tornaram infertéis há anos. Em 2027, a Grã-Bretanha é o único lugar do mundo que resiste como nação, mas enfrenta problemas como ataques terroristas e levas de refugiados (que são presos e exterminados em campos de concentração).

Nesse cenário, Theo (Clive Owen), ex-ativista e atual burocrata, é seqüestrado por um grupo terrorista que luta pelos direitos dos imigrantes, liderado por sua ex-mulher Julian (Julianne Moore). Eles querem transportar, para longe dos olhos do governo totalitário, uma refugiada que, por milagre, está grávida.

Diretor de "E Sua Mãe Também" (2001) e "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban" (2004), o versátil Cuarón consegue apresentar uma visão original do futuro como degradação do passado. Mas seu filme mais ambicioso deixa a desejar em alguns pontos. A vontade de fazer ficção científica para denunciar problemas atuais fica sempre evidente demais. E, por conta da trama complexa, não sobra espaço para desenvolver os personagens.