O ROTEIRO MAIS COMPLETO DE SÃO PAULO |
DE 13 A 19 DE ABRIL DE 2007 |
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CINEMAMaria Ferrara cria atmosfera cheia de ambigüidadesSérgio Rizzo Em "Jesus de Montreal" (89), do canadense Denys Arcand ("As Invasões Bárbaras"), um grupo de atores encena uma controvertida montagem da "Paixão de Cristo". Ao mesmo tempo em que se defendem de ataques conservadores, eles passam a reviver em seu cotidiano situações bíblicas. Compreensivelmente, o ator que interpreta Jesus é quem mais se perturba com o trabalho.Movimentos psicológicos e espirituais semelhantes enriquecem "Maria", que recebeu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza em 2005, ainda sob o calor da polêmica provocada por "A Paixão de Cristo" (04), de Mel Gibson. Não é preciso se assustar com a lembrança: a recriação do norte-americano Abel Ferrara ("O Rei de Nova York") está para a carnificina de Gibson como vinho para água de torneira. Em primeiro lugar, há um filme-dentro-do-filme, "Isto é Meu Sangue", recebido com pedras por grupos católicos antes mesmo de seu diretor (Matthew Modine), que também interpreta Cristo, conseguir lançá-lo. Além disso, há um episódio misterioso: a atriz que fez o papel de Maria Madalena (Juliette Binoche), em vez de retornar para casa, preferiu ir a Jerusalém. Outro núcleo é protagonizado por um apresentador de TV (Forest Whitaker) que se dedica a uma série de programas sobre Jesus. Não é um período qualquer: sua mulher (Heather Graham) está prestes a ter uma criança e se sente especialmente só. À medida que as tramas se encaminham para um encontro, Ferrara impõe à história uma atmosfera de suspense em torno da fé, repleto de sugestões, ambigüidades e perguntas sem resposta. Ao final, intensifica-se o diálogo entre o que é divino e o que é humano, com a riqueza plástica e simbólica de um quadro que não se cansa de explorar. |
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