CINEMA

Em Trânsito

Documentário registra deslocamentos pela cidade

Sérgio Rizzo

"Você é católico ou é como eu, cheio de dúvida?", pergunta o diretor Henri Gervaiseau a um de seus entrevistados -que, por sinal, gosta da provocação. Outros depoimentos do filme também esbarram na fé.

Não se trata, contudo, de um documentário sobre religião. "Em Trânsito" caminha prioritariamente pelos "lugares de passagem, pontos de saída, paradas" que Gervaiseau e equipe percorreram, em 2003, acompanhando os deslocamentos cotidianos de moradores da Grande São Paulo.

Os personagens representam diversos contingentes: os cinco milhões de passageiros de ônibus, o 1,7 milhão de usuá rios do metrô, os 895 mil que tomam trens e os 200 mil motoboys, além de motoristas da frota de cinco milhões de veículos e de pedestres de longa jornada.

Para traduzir esses números em capital humano, o filme "senta ao lado" de cada personagem e ouve o que tem a dizer, mesmo que não haja relação direta com a pauta.

Como na produção recente de Eduardo Coutinho ("Santo Forte", "Peões"), os realizadores e seus procedimentos são expostos ao público, o que torna "Em Trânsito" um documentário sobre uma equipe de filmagem e seus encontros marcados pela cidade.