CINEMA

Déjà Vu

Scott explora a natureza violenta do ser humano

Christian Petermann

A parceria com o produtor Jerry Bruckheimer, que com "Déjà Vu" chega ao sexto título, proporcionou ao diretor Tony Scott uma liberdade especial para explorar seu gosto pela adrenalina, evidente desde a década de 80 com "Top Gun" e "Um Tira da Pesada". Seus filmes mais recentes se tornaram exercícios cínicos sobre a natureza violenta do ser humano, com elaboração fotográfica e montagem nervosa, indo da estupidez ("Chamas da Vingança") a um debochado delírio estético ("Domino").

No novo filme, Scott volta a trabalhar com o ator Denzel Washington. Numa obra que o cineasta dedica à força de vontade dos sobreviventes do furacão Katrina, a trama começa com um ato terrorista que mata 543 pessoas numa balsa de Nova Orleans e se torna uma ficção com pitadas românticas. A cereja do bolo é a descoberta de uma curiosa dobra no tempo.

Relevada a premissa repleta de convenientes buracos lógicos, Scott cria um bom thriller com possibilidades dramáticas intrigantes, mas que cai de rendimento justamente na meia hora final. O diretor que começou cult com "Fome de Viver" se tornou um dos estetas pop da violência de massa em Hollywood.