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DE SÃO PAULO
Guia da Folha
 

DE 23 A 29 DE JUNHO DE 2006

 

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CINEMA

O Samurai do Entardecer

Universo dos samurais é tratado com originalidade

Ricardo Calil

Aos 74 anos e com mais de 60 filmes no currículo (incluindo a mais longa série de cinema da história, "É Triste Ser Homem", que teve 48 episódios), o cineasta japonês Yoji Yamada ainda consegue realizar obras surpreendentes como "O Samurai do Entardecer" (02) -uma capacidade que diretores muito mais jovens nem sempre possuem.

Indicado para o Oscar de produção estrangeira, o filme oferece uma visão original sobre o universo dos samurais, tantas vezes revisitado pelo cinema. O protagonista é Seibei Iguchi (Hiroyuki Sanada), samurai de segundo escalão que, depois da morte da mulher, passa a cuidar das duas filhas e assume os afazeres domésticos. Ele se descuida da higiene pessoal e vira motivo de chacota.

A situação muda quando Seibei reencontra Tomoe (Rie Miyazawa), seu antigo amor de infância, que enfrenta problemas com um ex-marido, samurai de grande reputação, mas beberrão e violento. Seibei o desafia para um con fronto e vence com facilidade. Ele ganha o respeito de seus colegas e é obriga- do a enfrentar um temível inimigo.

O longa lembra muito "Os Imperdoáveis" (92). Como o faroeste de Clint Eastwood, o filme de Yamada retrata o crepúsculo de um universo e tem como protagonista um guerreiro relutante -que prefere empunhar uma enxada a uma espada, mais feliz ao lado das filhas e da amada do que entre seus pares.

O filme pode ser visto como um épico intimista e socialista, pois o cineasta prefere registrar ritos do cotidiano a promover o espetáculo fácil das lutas e dá mais atenção às divisões de classes entre samurais do que aos códigos de honra. Ao contar a história de um guerreiro que escolhe a contemplação em detrimento da ação, Yamada não fez apenas um grande filme, como também um manifesto a favor de um cinema reflexivo.
Capa

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