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Matisyahu

Judeu ortodoxo do reggae chega à cidade

Adriana Küchler

Se a entrevista com a nova estrela do reggae mundial fosse ao vivo, esta repórter não ganharia nem ao menos um aperto de mão. Isso porque Matisyahu, que se apresenta de barba, capa e quipá ou chapéu, na quarta (dia 31), no clube A Hebraica, é um judeu ortodoxo que obedece aos preceitos de sua religião não tocando em nenhuma mulher que não seja a sua.

Por isso, parou de fazer "stage diving" (quando o artista mergulha "nas mãos" do público) e até tira fotos com as fãs, mas avisa que "não pode tocar". Exótico?

"É engraçado você usar essa palavra. Com certeza é algo novo alguém que se relaciona dessa maneira com a religião por meio da música", afirma o cantor americano. Matisyahu, versão judaica para seu nome original, Matthew, diz não se importar com os rótulos que tem ganhado da imprensa -a "Rolling Stone" o chamou de "a coisa mais estranha a subir as paradas da Billboard" em 2006.

Apesar de sua religião ser o principal motivo de Matisyahu ter se tornado uma figura pop, é bom lembrar que ele faz ótima música também. Com toques de rap e rock, seu segundo álbum, "Youth" (2006), foi produzido pelo renomado Bill Laswell, que já trabalhou com Herbie Hancock e transformou Bob Marley, grande influência do reggaeiro judeu, em dub.

Sobre o reggae, a cultura rastafári e o judaísmo, Matisyahu afirma que há uma grande conexão. "Bob Marley escrevia canções baseado no Velho Testamento. Dali, eu peguei a minha inspiração. A cultura é diferente, mas as crenças e idéias são parecidas." Nas letras de Matisyahu, religião e política combinam: em uma canção, reclama de "3.000 anos sem lugar para ficar"; em outra, fala de "irmãos chegando em casa enfim, lutando juntos por suas vidas".

A Hebraica - ginásio de esportes (r. Dr. Alceu de Assis, 25, Jardim Europa, região oeste, tel. 3818-8888). 4 mil lugares. Qua. (dia 31): 22h. Ingr.: R$ 80 a R$ 140 (p/ estudantes: R$ 40 a R$ 70).C D