Índice O ROTEIRO MAIS COMPLETO
DE SÃO PAULO
Guia da Folha
 

DE 23 A 29 DE OUTUBRO DE 2009

 

fale com o guia @

TEATRO

Escuta, Zé Mané!

Peréio resgata "bronca" de Wilhelm Reich

>> Marcos Dávila

Nada de boteco pé-sujo no Baixo Augusta. A entrevista com o ícone do cinema marginal Paulo Cesar Peréio ocorreu num café bem comportado, ao lado da Casa das Rosas, com direito a quindim (!). Será que o anti- herói da contracultura arrefeceu?

Calma: é apenas a brisa do dia seguinte ao seu aniversário de 69 anos, celebrado numa sinuca da Liberdade. E a festa continua: a peça "Escuta, Zé Mané!", que marca os 50 anos de carreira do ator, estreia hoje (dia 23), no Sesc Avenida Paulista.

Trata-se de uma atualização feita por Peréio para o livro-manifesto do psicanalista e psiquiatra austríaco Wilhelm Reich (1897-1957), "darling da contracultura", segundo o ator. Em formato de "palestra" multimídia, a peça é dirigida por Lenerson Polonini, da cia. Nova de Teatro, que faz performances com o ator desde 2003. "A denúncia da hipocrisia é um traço comum entre Peréio e Reich", diz o diretor.

O livro "Escute, Zé-Ninguém!" ("Listen, Little Man!"), escrito por Reich em 1946, é um libelo contra os regimes opressores a partir da análise do sujeito comum (o Zé Mané) que sofre nas mãos de seu próprio "ditador" interior e se apequena diante das normas e dos líderes de plantão.

"É uma bronca do Reich. Ele foi perseguido de todas as maneiras e no mundo inteiro. Existem até teorias conspiratórias de que ele foi assassinado [Reich morreu na prisão em 1957, nos EUA]. O cara era indigesto mesmo. E minha ideia é fazer o Reich chegar às pessoas", diz Peréio.

Na peça, o ator se alterna entre Reich e o personagem de si mesmo, contracenando com João Velho (seu filho) e Neca Zarvos.

Unidade Provisória Sesc Avenida Paulista - espaço 5º andar - av. Paulista, 119, Bela Vista, região central, tel. 3179-3700. 50 lugares. Sex. a dom.: 21h. Até 29/11. Ingr.: R$ 5 a R$ 20. 70 min. Não recomendado para menores de 16 anos.

Isto é Peréio

50 ANOS DE CARREIRA
"Já passei dos 50 anos de carreira. Minha vida não tem esse registro muito nítido, mas é por aí. Não gosto de falar da minha 'carrrreira'. Acho uma babaquice. Se quiserem me homenagear... Se quiserem me tombar, melhor ainda. Assim, não mudo"

ZÉ MANÉ
"O Zé Mané é universal, está no fundo de cada um de nós. (...) O homem grande reconhece suas limitações. O homem pequeno, não. O Zé Mané tem ilusões de força e grandeza. O cara vive na merda, mas tem orgulho do Maracanã, do Cristo Redentor, aquela merda"

PARADOXO
"Sou paradoxal. Tenho uma paixão pelo paradoxo. É no paradoxo que reside a inteligência. Por isso, me considero uma pessoa semelhante ao velho Wilhelm Reich. Trato-o como um parceirão. Ele abre a cabeça da gente para contar com as alternativas da certeza"

50 anos em cinco montagens

Esperando Godot, 1958
Muito antes de estrear no cinema com "Os Fuzis" (1964), atuou ao lado de Paulo José na peça de Beckett. Com 16 anos, Peréio entrava no palco para dar um recado do Sr. Godot

Roda Viva, 1968
No mitológico musical do Oficina, Peréio entra em contato com as ideias de Reich por intermédio da bailarina e coreógrafa da peça, Jura Otero, com quem foi casado

O Balcão, 1969
Peréio faz o chefe de polícia na peça de Jean Genet (1910-1986), que, em visita ao Brasil, elogiou a montagem. No elenco estelar também estavam Raul Cortez, Joffre Soares e Célia Helena

O Anti-Nelson Rodrigues, 1974
A peça marcou a volta de Nelson Rodrigues ao teatro depois de oito anos. Foi dirigida e atuada por Peréio, que contracenava com Neila Tavares e José Wilker

Galilei, Galileo, 2005
Superprodução da peça de Brecht, protagonizada por Peréio ao lado de 35 músicos da Orquestra de Câmara da USP e 11 atores, com direção de Rubens Velloso

Capa

Cinéfilos

Confira 30 locais para comer nos intervalos da Mostra Internacional de Cinema

Shows

Prodigy, Tonny Bennett e Arturo Sandoval são os destaques da semana

Copyright Folha Online. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página
em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folha Online.