TEATRO

Grupos paulistas obtêm a casa própria

Maria Eugênia de Menezes

Após sete anos de trajetória, o grupo Os Fofos Encenam inaugurou, no último dia 16, sua sede própria. O novo espaço, que foi reformado pelos próprios atores, é apenas uma das 20 sedes de companhias criadas com o apoio do Programa de Fomento ao Teatro nos últimos cinco anos. Veja a seguir um roteiro dos novos espaços, como o Espaço Parlapatões e a sede da Cia. do Latão, ambos abertos em 2007, e também de pontos já tradicionais, que costumam ser uma extensão da linguagem dos grupos, como Os Satyros.

Programação

OS FOFOS ENCENAM
A nova sede deve ser usada não apenas para apresentações, mas também como local para pesquisa e guarda do acervo de figurinos e cenários do grupo.
QUEM: Originário da Unicamp, atua profissionalmente desde 2000, e é capitaneado pelos diretores Newton Moreno e Fernando Neves.
CARACTERÍSTICAS: Com direções alternadas por Moreno e Neves, trabalha com duas linhas de pesquisa: debruça-se sobre o circo-teatro, que teve grande importância no país até a década de 1920, e também investiga a tradição popular nacional, recuperando a figura do contador de histórias.
PRINCIPAIS MONTAGENS: "Deus Sabia de Tudo e Não Fez Nada" (2001), "A Mulher do Trem" (2003), "Assombrações do Recife Velho" (2005) e "Ferro em Brasa" (2006).
EM CARTAZ: "Assombrações do Recife Velho"
Espaço dos Fofos (r. Adoniran Barbosa, 151, Bela Vista, região central, tel. 3101-6640). 50 lugares.

COMPANHIA DO LATÃO
O grupo, que está comemorando dez anos, ganhou sede própria em julho deste ano. O Estúdio do Latão, na Vila Madalena, foi criado com apoio do programa de Fomento ao Teatro.
QUEM: Dirigida por Sérgio de Carvalho, a companhia estreou com "Ensaio para Danton" e já produziu 11 montagens.
CARACTERÍSTICAS: Criados a partir de processos coletivos, os espetáculos são norteados por princípios do teatro épico e brechtiano e costumam fazer contundentes críticas à sociedade capitalista.
PRINCIPAIS MONTAGENS: "Ensaio sobre o Latão" (1997), "O Nome do Sujeito" (1998), "A Comédia do Trabalho"(2000) e "O Círculo de Giz Caucasiano" (2006).
Estúdio do Latão (r. Harmonia, 931, Vila Madalena, tel. 3814-1905). 60 lugares.

CIA. ANTROPOFÁGICA (ABAPORU)
Com a reestréia de "Os Náufragos da Rua Constança: Homo Capitas No Sapiens", a companhia inaugurou no último dia 17, sua sede própria.
QUEM: Fundado em 2002, propõe a incorporação da antropofagia como princípio do processo artístico.
CARACTERÍSTICAS: Explora o universo dramático numa perspectiva antropofágica a partir de textos de Oswald de Andrade e Mário de Andrade e músicas de Heitor Villa-Lobos.
PRINCIPAIS MONTAGENS: "Macunaíma no País do Rei da Vela" (2002), "A Tragédia de João e Maria: Teatro da Deformação" (2003).
EM CARTAZ: "Os Náufragos da Rua Constança: Homo Capitas No Sapiens", veja roteiro na pág. 44.
Espaço Pyndorama (r. Turiassu, 481, Perdizes, região oeste, tel. 9190-6122).

CIA. DO FEIJÃO
A poucos passos do Teatro de Arena Eugênio Kusnet e bem próximo à movimentada praça Roosevelt, a companhia do Feijão inaugurou sua sede em 2006, com apoio do Programa de Fomento ao Teatro.
QUEM: Dirigido pela dupla Pedro Pires e Zernesto Pessoa, o premiado grupo estreou em 1998 com a peça "O Julgamento do Filhote do Elefante".
CARACTERÍSTICAS: Com uma dramaturgia centrada nos recursos do ator-narrador, a companhia trabalha com pesquisa histórica e recupera personagens e experiências de importantes autores da literatura brasileira, como Mário de Andrade.
PRINCIPAIS MONTAGENS: "Ó da Viagem" (1999), "Mire e Veja" (2003), "Nonada" (2006).
EM CARTAZ: "Pálido Colosso", veja roteiro na pág. 44.
Teatro da Cia. do Feijão (r. Teodoro Baima, 68, República, região central, tel. 3259-9086). 45 lugares.

OS SATYROS
A instalação do Espaço Satyros alterou a rotina da praça Roosevelt. Desde a inauguração da sede em 2000, outros cinco palcos, entre eles o Espaço Paralapatões e o recém-inaugurado Teatro da Ópera Buffa, surgiram na vizinhança, transformando a região no maior pólo teatral da cidade. Atualmente o grupo administra outros três espaços: o Satyros 2, o Teatro da Vila e o Satyros Jardim Pantanal
QUEM: Criado em 1989 por Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, o grupo paulista provocou polêmica desde sua estréia, com a peça "Sades ou Noites com os Professores Imorais".
CARACTERÍSTICAS: O grupo, que durante anos esteve dividido entre o Brasil e a Europa, desenvolveu uma linha própria de trabalho à qual deu o nome de teatro veloz -técnicas de interpretação que resgatam um tempo ritualista.
PRINCIPAIS MONTAGENS: "Saló, Salomé" (1991), "Sappho de Lesbos" (1995), "De Profundis" (1993), "A Filosofia na Alcova" (2003) e "A vida na Praça Roosevelt"(2005).
EM CARTAZ: "Divinas Palavras", veja roteiro na pág. 40
Espaço dos Satyros 1 (pça. Franklin Roosevelt, 214, República, região central, tel. 3258-6345). 70 lugares.

OS PARLAPATÕES
Um dos mais representativos grupos da cidade, os Parlapatões abriram sua nova sede na praça Roosevelt, no final de 2006, com apoio do Fomento ao Teatro. O espaço, que funciona em moldes parecidos aos do vizinho Satyros, recebe produções de outras companhias e tem um bar na frente da sala de espetáculos que acaba atraindo os freqüentadores da praça.
QUEM: O grupo paulistano surgiu em 1991, a partir do encontro entre Hugo Possolo e Alexandre Roit.
CARACTERÍSTICAS: O circo é a principal referência da trupe, que emprega técnicas de clowns e da farsa na criação de seus espetáculos. As montagens de teatro de rua também caracterizam o seu trabalho.
PRINCIPAIS MONTAGENS: "Parlapatões, Patifes e Paspalhões" (1992), "ppp@WllmShkspr.br" (1998), "Um Chopes, Dois Pastel e Uma Porção de Bobagem" (2000) "Pantagruel" (2001).
EM CARTAZ: "Festival de Um Minuto"
Espaço Parlapatões (pça. Franklin Roosevelt, 158, República, região central, tel. 3258-4449). 96 lugares.

VENTOFORTE
Instalada na década de 80, a sede do grupo é uma das mais tradicionais da cidade e reflete, em seus galpões, o espírito comunitário e os recursos artesanais que marcam o trabalho do grupo.
QUEM: O grupo foi criado em 1974 pelo diretor argentino Ilo Kruli, no Rio de Janeiro e transferiu-se para São Paulo nos anos 80.
CARACTERÍSTICAS: Explorando o universo dos mitos e das histórias populares latino-americanas, tornou cada vez mais tênues as fronteiras entre teatro adulto e infantil.
PRINCIPAIS MONTAGENS: As Pequenas Histórias de Lorca (1976), História de um Barquinho (1981), História de Fuga, Paixão e Fogo (1983), Labirinto de Januário (1985).
Teatro Ventoforte (r. Brig. Haroldo Veloso, 150, Itaim Bibi, região oeste, tel. 3078-1072). 60 lugares.