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24/03/2012 - 08h05

Chico Anysio simboliza um ciclo que chega ao fim

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MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
DE SÃO PAULO

A morte de Chico Anysio simboliza o encerramento de um ciclo áureo do que se poderia chamar, a exemplo da MPB, de HPB --o humor popular brasileiro.

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Com dotes de ator e capacidade prodigiosa de criar tipos, Chico Anysio foi, na arte de fazer rir, como um Dias Gomes na dramaturgia, um Braguinha na marchinha carnavalesca ou um Jorge Amado na literatura -todos artífices daquele universo cultural "nacional popular" que deu rosto ao Brasil em preto e branco, o país do populismo, confuso e divertido, de outros tempos.

Sua atividade estendeu-se da era do rádio e da chanchada aos tempos de glória da Rede Globo, onde se consagrou em escala nacional, com programas como "Chico Anysio Show".

Antes de chegar à Globo, em 1969, pelas mãos de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, já havia passado por outras emissoras e emplacado na TV Rio, em finais dos anos 1950, um de seus mais queridos personagens, o professor Raimundo.

Divulgação
Alberto Roberto, Bento Carneiro e Urubulino, personagens do humorista Chico Anysio
Alberto Roberto, Bento Carneiro e Urubulino, personagens do humorista Chico Anysio

Sua extensa galeria de tipos, que superou duas centenas, reuniu figuras de todos os cantos do país --nordestinos, sulinos, cariocas, urbanos, suburbanos e rurais. Do malandro Azambuja ao coronel Limoeiro, passando pelos extraordinários Tavares e Alberto Roberto, Chico fazia humor com personagens que você "conhecia", gente a quem dava vida de maneira muitas vezes assombrosa.

Restam poucos talentos vinculados ao tipo de humor que Chico Anysio representou, popular sem ser popularesco, politicamente incorreto sem precisar ser imbecil e gratuitamente ofensivo.

É verdade que nem sempre foi possível manter a qualidade em seus programas semanais na TV. E sua projeção na Globo tornou-se em alguns momentos um obstáculo para a renovação.

Já vai se esmaecendo, de todo modo, aquele Brasil que lhe serviu de matéria-prima e cenário. E não deixa de ser sintomático que seu desaparecimento --e o de outros cômicos de sua geração-- coincida com a ascensão de um tipo postiço, colonizado e sem graça de humorismo, o tal do "stand-up comedy".

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