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Gary Shteyngart e Hanif Kureishi divertem plateia na penúltima mesa da Flip
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DE SÃO PAULO
A penúltima mesa da Flip ("Entre Fronteiras"), com os escritores Gary Shteyngart e Hanif Kureishi, neste domingo (08), foi uma das mais divertidas da festa e teve o humor e o sexo na literatura como tônica.
Muito disso por causa do humor de Shteyngart, que logo no início, ao falar da feitura do seu romance "Uma História de Amor Real e Supertriste", de certa forma um livro sobre amor em tempos de tecnologia, disse que desde 2006, quando começou sua pesquisa e comprou um smartphone, não consegue ler um livro.
"Minha pesquisa sobre tecnologia foi boa porque rendeu um livro, mas eu sinto saudade de quem eu era", disse ele provocando risos. "Eu agora sei usar um iPhone, mas há cinco anos não consigo ler um livro. Isso toma todo o meu tempo".
Kureishi, conhecido pela dramaticidade da obra, embora repleta de humor mais afiado, disse que o mundo é um lugar terrível e por isso mesmo engracadíssimo.
"Os maiores autores da história são cômicos. Vejam Tolstói ou Dostoievsky, não consigo imaginar nada mais engraçado", disse ele.
A certa altura, quando o sexo, também marcante na obra dos dois, se tornou o assunto principal, mais risadas da platéia.
"Comecei a escrever sobre sexo porque não o fazia, mesmo sendo russo. Na Rússia, as pessoas começam a fazer sexo aos nove anos de idade e aos 14 já divorciaram", disse Shteyngart.
Quando se aproximaram mais do tema da mesa, "Entre Fronteiras", sobre identidade e condição de estrangeiro para as suas obras, Kureishi e Shteyngart contaram ser uma espécie de peso suas condições de filhos de estrangeiros.
"Ser judeu é sempre uma espécie de peso. Até hoje, quando vou lançar livro novo, meu pai pergunta se ele vai ser bom para os judeus. Mas eu escrevo sempre para não ser bom para ninguém", contou Shteyngart.
"Cresci no subúrbio de Londres, mas sempre que eu saía de casa, encontrava um policial que me perguntava de onde eu vim, mesmo que eu tenha vindo da casa da esquina. Eles se referiam sempre à origem da minha família", disse Kureishi, cujos pais são paquistaneses.
Ao fim da conferência, os dois foram ovacionados por longos minutos e deixaram o palco sob o lamento de "aaaaaaaah", como se tivesse sido pouco o tempo destinado aos dois.
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