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Cruz-Diez mostra na Pinacoteca suas telas mutantes
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SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO
De sua desilusão com o realismo, Carlos Cruz-Diez forjou um arsenal de ilusões.
Em vez de denunciar questões sociais em quadros figurativos, como fez no início da carreira, o artista venezuelano decidiu recriar em sua obra toda a potência da cor e da luz, dominando uma espécie de ciência do olhar.
Foi em Paris, depois que viu a primeira mostra de cinéticos da história em 1955, na galeria de Denise René, marchande morta nesta semana, que Cruz-Diez teve o estalo para aplicar uma matriz de movimento a composições que não saem do lugar, mas que se transformam diante dos olhos, parecendo vibrar, flutuar e trocar de cor.
Divulgação | ||
Obra de Carlos Cruz-Diez |
"Fazer com que as pessoas entendessem a cor no espaço me ocupou durante muitos anos", diz Cruz-Diez, 88, em entrevista à Folha, de seu ateliê em Paris. "Estava tentando devolver a vista a uma geração de cegos."
Essa cegueira, ou ilusão de que a cor é algo físico e preso a uma superfície, deve ser diluída em parte agora na megarretrospectiva dedicada a Cruz-Diez que a Pinacoteca do Estado abre neste sábado.
Na mostra, estão telas antigas de Cruz-Diez, exercícios figurativos ainda convencionais, tomando como base naturezas-mortas de Cézanne, além das obras mais ambiciosas, que reinventaram a percepção de cor e movimento.
Mas mesmo na fase inicial, as cores começam a dominar a composição, um cromatismo que se adensa até engolir todas as figuras e virar só cor nas primeiras abstrações que fez com tiras de papelão.
"Sou um artista que esquadrinha como transmitir ao espírito a percepção da cor", afirma Cruz Diez. "Em todas as minhas obras essa cor se faz e se desfaz diante dos olhos, num presente contínuo, sem passado nem futuro, como é sua realidade."
É essa ideia de suspensão, de catarse diante da cor, que Cruz-Diez compara ao impulso de mudança que suas primeiras obras figurativas tentavam expressar. Na visão dele, não são formas puras e vazias as de suas peças, mas abalos físicos e ideológicos.
"Arte é como uma bomba no tempo", resume. "Ela explode quando menos se espera e muda comportamentos que pensávamos imutáveis."
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