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17/07/2012 - 07h40

Guitarrada, gênero tradicional do Pará, reforça status cult aos 50 anos

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AGUIRRE TALENTO
ENVIADO ESPECIAL A BARCARENA (PA)

Gênero musical que mistura ritmos caribenhos e da região Norte do Brasil, a guitarrada comemora 50 anos em 2012 e tenta romper de vez as fronteiras do Pará.

Documentários, um DVD ao vivo e CD duplo estão sendo produzidos sobre o estilo, criado a partir da lambada, com uma guitarra improvisada com cordas de violão em plena Amazônia.

O criador da guitarrada, Joaquim Vieira, 77, conhecido como mestre Vieira, será o centro de um longa sobre a efeméride e gravará seu primeiro DVD ao vivo.

Já Pio Lobato, 40, responsável por tornar a guitarrada cult ao resgatar o legado de mestre Vieira nos anos 2000, será protagonista de outro filme e vai gravar seu primeiro disco autoral de guitarrada.

O ritmo tem se tornado conhecido fora do Pará graças aos acordes da banda de Gaby Amarantos, cujo guitarrista Félix Robatto é um dos principais nomes da geração da guitarrada dos anos 2000.

O início remonta à década de 1960, quando Vieira, músico no município de Barcarena (a 50 km de Belém), foi ao cinema na capital.

"Vi um filme que tinha uma guitarra e fiquei doido. Consegui uma guitarra quebrada, botei cordas de violão e fiz um amplificador com bateria de carro", conta Vieira.

A jornalista e produtora cultural Luciana Medeiros, responsável pelo documentário e pelo DVD de Vieira, diz que não foi possível descobrir qual era o filme. "Ele não se lembra do nome. Só sabemos que foi na década de 1960."

Luciana Medeiros/Divulgação
Joaquim Vieira, o Mestre Vieira, criador da guitarrada do Pará, no Theatro da Paz, em Belém
Joaquim Vieira, o Mestre Vieira, criador da guitarrada do Pará, no Theatro da Paz, em Belém

Vieira, que tocava chorinho, transportou esse estilo musical para a guitarra e formou uma banda, em um ritmo que ficou conhecido inicialmente como lambada.

A banda de Vieira fez sucesso nas décadas de 1970 e 1980, tocando em vários Estados e gravando seis discos com a formação original.

Graças a ele, vieram nomes tradicionais da lambada que estouraram no país, como Beto Barbosa e Márcia Ferreira.

Na década de 1980 surgiu o nome "guitarrada", criado por um locutor de rádio paraense e que marcaria a diferença entre o som feito por Vieira e pelos grandes nomes da lambada: a ênfase na guitarra, com solos e improvisos.

O filme "Coisa Maravilha", que está em fase de edição, contará essa história e mostrará a influência de Vieira sobre a atual música do Pará.

O DVD reuniu a antiga banda, "Mestre Vieira e os Dinâmicos", para shows em Belém. Ambos os produtos serão lançados em outubro.

As obras de Pio Lobato ainda estão em fase inicial e só devem sair no próximo ano.

O documentário ainda capta recursos. O CD já começou a ser gravado. "Havia um preconceito com a guitarrada por ser um estilo musical surgido na classe pobre. O mérito de Pio foi obter uma aceitação por uma camada social mais elitizada", diz o responsável pelo filme, Ismael Machado.

OUTROS RITMOS

Um projeto de produtores culturais do Pará gravou dez vídeos ao vivo de bandas locais para mostrar a diversidade de ritmos, que vai além do já conhecido tecnobrega.

Os novos clipes foram disponibilizados na internet (http://greenvision.com.br/musica-e-imagem/) e passam por guitarrada, chorinho, jazz e rock, todos com influência dos ritmos da região Norte.

A ideia da produtora Greenvision ao conceber o projeto "Conexão Música e Imagem" é aproveitar a atual visibilidade da música paraense para divulgar outros ritmos locais com menor exposição fora.

Esse projeto, assim como os projetos de mestre Vieira e de Pio Lobato, obteve recursos por meio de uma lei de incentivo à cultura do governo do Estado (similar à Lei Rouanet, do governo federal)

 

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