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03/08/2012 - 06h40

Diretor do cult "Meteorango Kid" retorna ao cinema

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FERNANDO MASINI
EDITOR DO "GUIA DA FOLHA"

O diretor baiano André Luiz Oliveira não tem medo de falar que admira Jesus Cristo. Não que seja católico.

Também não é de frequentar igrejas. Mas é fascinado pela imagem simbólica daquele homem na cruz.

Em "Sagrado Segredo", o quarto longa-metragem de uma carreira intermitente, o cineasta pôde enfim tocar no assunto que o persegue desde a infância em Salvador, onde as igrejas se multiplicam a cada esquina.

Finalizado em 2008, o filme só chega às telas a partir de hoje, com exibição em cinco capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador e Recife.

Divulgação
O cineasta André Luiz Oliveira, que lança "Sagrado Segredo"
O cineasta André Luiz Oliveira, que lança "Sagrado Segredo"

No início, a impressão é de que estamos diante de um documentário. Oliveira registra a encenação da Paixão de Cristo realizada pelo grupo Via Sacra, de Planaltina, no Distrito Federal.

A câmera fechada circula entre os atores que interpretam a passagem bíblica. Só depois das primeiras cenas a multidão que assiste ao espetáculo é revelada. Sabe-se também quem são aquelas pessoas que dão vida a Jesus, Maria, Pilatos, Judas.

"Eu queria explorar a fé popular, mostrar o que é arte ali dentro", diz o diretor por telefone em entrevista à Folha.

"No início, buscava fazer um filme crítico sobre a Igreja Católica, mas fui percebendo a força tremenda da fé."

A ficção invade a história quando um cineasta (interpretado pelo ator Guilherme Reis) e seus assistentes aparecem na tela discutindo a melhor maneira de captar aquela devoção encenada.

DISTRIBUIÇÃO

Levaram quatro anos para "Sagrado Segredo" entrar em cartaz. Segundo Oliveira, a batalha para distribuir um filme e conquistar o mercado exibidor é tão penosa quanto na época em que rodou "Meteorango Kid, Herói Intergalático" (1969), um marco cult do cinema marginal brasileiro.

O diretor compara os dois momentos: "Continua o mesmo gargalo. Não há censura estética, como havia antes, mas tem censura econômica. O exibidor quer filme 'fast-food', enlatado, sem qualquer tipo de reflexão".

Fórmulas recatadas que passam longe do seu cinema debochado.

Basta lembrar de "Meteorango Kid", quando o estudante Lula se veste de Batman para estrangular seus pais dentro de casa.

Depois de ser premiado no Festival de Brasília, o filme foi embargado pela censura e a vida do diretor, na época com 20 e poucos anos, virou um inferno.

"'Meteorango' foi um convite à rebelião total", relembra. "Saindo do cinema, eles já queriam me levar preso."

Em 1973, foi exatamente isso que ocorreu. Ele foi condenado a um ano de prisão por porte de maconha.

Cumpriu parte da pena em um manicômio judicial no Rio de Janeiro. A experiência foi narrada em "Louco por Cinema" (1994).

Hoje, aos 64 anos, Oliveira vive com a mulher e seis cachorros numa chácara a 25 km de Brasília. Conta que mudou de vida porque o barulho e a dispersão de uma cidade grande o incomodam.

O espírito explosivo abrandou, confessa. "A idade traz sabedoria e mais calma."

 

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