Bienal discute elos e desencontros de jornalismo e literatura

"É como diz o Gabriel García Marquez, a precisão enriquece o sabor da literatura", lembra o escritor e jornalista Ivan Angelo que, ao lado de Bernardo Ajzenberg, discutiu a passagem do jornalismo para a ficção em um encontro informal durante a Bienal do Livro de São Paulo.

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"Hoje o jornalismo está em crise. Perdeu aquele ideal de 'missão' que comovia tantas pessoas a entrarem na carreira", avalia Angelo.

O mineiro já editou o "Jornal da Tarde" na década de 1960 e foi repórter em revistas da editora Abril. Com "A Festa", romance que revê a repressão da ditadura militar (1964-1985), conquistou o Prêmio Jabuti de 1973.

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"É natural que um jornalista deseje se voltar à ficção, todas as coisas que você escuta e todas as reportagens que você escreve podem servir para construir um grande romance. Além do mais, a história do Brasil ainda é muito pouco explorada."

"É preciso lutar contra forças maiores que você mesmo, mas ainda existem espaços na grande imprensa para o bom texto e a boa reportagem", acredita Ajzenberg, cuja ficção se alimenta de fatos reais.

Ajzenberg, que já atuou na Folha, no "Última Hora" e na "Gazeta Mercantil", destacou os fatos que utiliza para compor sua ficção, confessando manter a técnica simples de guardar pequenos recortes de jornal que possam dar origem a uma história.

Para uma plateia formada em sua maioria por estudantes de jornalismo, o autor revelou já ter criado um conto a partir de um planfleto sobre pessoas desaparecidas.

"A magia da ficção é a essa capacidade de o leitor abstrair o absurdo da vida real e se deixar levar pela história pura e simples. E talvez seja isso o que falte nos jornais de hoje", concluiu.