Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
14/08/2012 - 22h10

Memória, cultura e política encerram sexto dia da Bienal

Publicidade

DOUGLAS GAVRAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na noite de 13 de outubro de 1977, o Corinthians venceu a Ponte Preta na final do Campeonato Paulista, quebrando um hiato de 23 anos sem títulos.

Veja o especial da Bienal
Confira a programação completa da Bienal do Livro

Parte da memória daquela partida e a realidade sombria do Brasil sob o regime militar estão em "Em Nome do Pai dos Burros", do jornalista Sílvio Lancellotti, que encerrou o sexto dia da Bienal do Livro de São Paulo ao lado do escritor Bernardo Kucinski, ambos indicados ao Prêmio São Paulo de Literatura.

O romance de Lancellotti se passa em uma das épocas de maiores incertezas da ditadura militar brasileira (1964-1985) e percorre as lembranças de jornalista do autor, que é também colunista esportivo da Folha e atua na imprensa desde 1968.

"O jornalismo me ensinou muito, mas não vivo sem literatura. Nem mesmo dirijo para poder aproveitar ler durante os deslocamentos. Quando era mais jovem, li 'Ulisses' [de James Joyce] em uma semana e ali descobri que queria ser escritor. O meu protagonista quer escrever um 'Ulisses Subdesenvolvido', uma epopeia brasileira, mas não consegue", diz.

Em "K", Bernardo Kucinski revisita o desaparecimento da irmã, Ana, uma jovem professora, doutora em química, casada com um jovem físico da Universidade de São Paulo, ambos militantes em organizações de esquerda.

O casal desapareceu sem deixar vestígios, arrastados pelas forças da repressão política do regime, em 1974.

"O ambiente da USP era oco, machista. Uma vez, li um livro israelense que mergulhava na decadência de um kibutz [aldeia cooperativista] e imaginei que muito daquilo pode ser visto nos departamentos de pesquisa de uma universidade brasileira hoje", explicou Kucinski.

Durante o debate,os autores refletiram sobre política, história e sobre a indicação ao Prêmio São Paulo de Literatura.

"Só de estar entre os finalistas, já sinto como se fosse uma realização de 40 anos", disse Lancelotti.

"Depois de 40 anos, as pessoas me chamam de 'escritor', posso acordar de madrugada e ter as minhas manias. Aos 75 anos, nasci de novo", concorda Kucinski.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página