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Crítica: Diretor foge de modelo de adaptações de quadrinhos para cinema
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CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
O modelo de adaptação de HQs para o cinema está há tanto tempo preso à fórmula Marvel e DC Comics que ficou difícil imaginar o gênero sem a presença de super-heróis movidos a muita ação e poucas ideias.
Em "O Gato do Rabino", seu segundo longa (o primeiro foi "Gainsbourg"), o quadrinista francês Joann Sfar utiliza o próprio desenho como base para a versão cinematográfica e obtém resultado muito mais original que as produções hollywoodianas.
A versão HQ é composta de cinco partes, publicadas entre 2002 e 2006, e outra ainda inédita. Para o cinema, o autor utilizou situações dos livros 1 ("O Bar Mitzvah"), 2 ("O Malka dos Leões"), publicados no Brasil pela editora Jorge Zahar, e 5 ("Jerusalém da África").
Divulgação | ||
Cena do filme "O Gato do Rabino" |
O traço das HQs de Sfar --linhas finas e abundantes, com economia cromática repleta de significados-- transfere-se para o cinema com fidelidade e sensibilidade.
A proposta não se confunde com a de versões como "As Aventuras de Tintin", em que a tecnologia se sobrepõe ao original num esforço de se adaptar a uma suposta necessidade contemporânea.
A ideia aqui é transcrever um universo meio mítico, meio exótico, capturando cores, simbolismos e crenças das tradições, de um modo equivalente ao utilizado pelo desenhista na HQ original.
"O Gato do Rabino" se passa em Argel, nos anos 1920, onde um bichano devora um papagaio e dispara a falar.
A humanização do animal permite que ele transmita suas irônicas observações e análises de um universo mestiço, no qual se misturam política e religião, racismo e riqueza cultural.
Depois de registrar com olhos de lince as peculiaridades locais, o gato parte numa aventura pelo interior da África integrado a uma trupe que mistura culturas, crenças e visões de mundo distintas.
Em meio a peripécias de ritmo tão intenso como as de Tintin ou Indiana Jones, o gato assiste a um confronto milenar, em que judeus, muçulmanos e cristãos defendem suas razões sem perceber que isso os converte em sujeitos e vítimas de barbáries.
Pacífico, o gato prefere viver recolhido em sua irracionalidade.
O GATO DO RABINO
DIREÇÃO Joann Sfar
PRODUÇÃO França/Áustria, 2011
ONDE Reserva Cultural e circuito
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO bom
+ CANAIS
+NOTÍCIAS EM ILUSTRADA
+ Livraria
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