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27/08/2012 - 03h34

Novos cineastas buscam plateias globais

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RODRIGO SALEM
DE SÃO PAULO

Quarenta anos após o fim do Cinema Novo, uma nova safra de cineastas brasileiros está surgindo com a pretensão de romper com moldes e referências estabelecidas na filmografia nacional.

O slogan de "uma ideia na cabeça e uma câmera na mão" ainda vale, mas acrescido dos bytes da internet e da busca de alcance global.

"O cinema novo era formado por cineastas de classe média alta. Os novos diretores também são de classe média e possuem formação cinematográfica boa. Mas há um diferencial: a vontade de se relacionarem com o mundo fora das ideias pré-concebidas de Brasil", acredita Gustavo Galvão, 36.

O diretor deve lançar seu "Nove Crônicas para um Coração aos Berros" na Mostra Internacional de São Paulo.

Um traço comum desses cineastas é a falta de preconceito e o culto a filmografias estrangeiras.

"Qualquer menino hoje vê Apichatpong Weerasethakul de manhã, Tony Scott à tarde e Luc Besson à noite", lista Kleber Mendonça Filho, 44, autor de um dos longas brasileiros mais premiados do ano, "O Som ao Redor".

"Esses diretores são cinéfilos e têm acesso fácil a filmes. Eles agregam a história do cinema nacional a um longa independente americano", afirma William Hinestrosa, coordenador da seção Brasileiros do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo.

Por causa dessa paixão cinéfila, os diretores deste "novo cinema novo" brasileiro se arriscam em vários gêneros.

A dupla Marco Dutra e Juliana Rojas transita no horror para levantar questões sociais. Marcelo Galvão dirigiu filmes de luta ("Rinha") e foi premiado em Gramado pela aventura "Colegas". Afonso Poyart concebeu cenas de ação tão marcantes em "2 Coelhos" que foi chamado para filmar em Hollywood o thriller "Solace".

CRÍTICA

Alguns críticos me acusam de ser menos brasileiro", reclama Matheus Souza, 24, que transformou seu "Apenas o Fim" em hit da geração internet e estreou "Eu Não Faço a Menor Ideia do que Eu Tô Fazendo Com a Minha Vida" no Festival de Gramado, novamente cheio de referências a HQs.

"Eu acredito que, para fazer um filme bom, você precisa escrever sobre o que conhece. Sou de classe média e não cresci com 'Macunaíma'. Falar do Brasil não é só falar sobre favela ou violência."

Kleber Mendonça Filho concorda: "A maioria dos cineastas do Recife morava em Boa Viagem e fazia filmes sobre artigos folclóricos ou sertão. Pensei que seria interessante fazer um filme sobre coisas mais próximas".

Segundo o cineasta, a primeira reação a seus trabalhos era negativa."Me perguntavam: 'Com uma cultura tão rica do Nordeste, por que fazer um projeto sobre uma rua ou um apartamento?' Mas era isso que eu queria."

Editoria de Arte/Folhapress
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