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30/08/2012 - 12h23

Rashid reconstrói a criação de "R.A.P." em clipe; veja aqui

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MAYRA MALDJIAN
DE SÃO PAULO

Rashid, 24, uma das promessas do rap nacional, tem algo a dizer. E boa parte está em "R.A.P.", uma das 20 faixas de seu terceiro disco, "Que Assim Seja", lançado em março.

"É uma declaração de amor ao rap", explica o MC paulistano, que discursa, na letra, sobre o que esse movimento tem feito na vida de muita gente --sucesso nos shows, é gritada de cabo a rabo por seus fiéis seguidores.

Rashid, porém, quer levar a mensagem ainda mais adiante --"R.A.P." foi escolhida, então, como a música de seu próximo clipe.

Sem um roteiro em mente, procurou pelo jovem diretor Bruno Cons, com quem reconstruiu, sem querer querendo, o processo de criação da música. O resultado, um vídeo de pouco mais de três minutos, foi apresentado na noite de quarta-feira (29), em encontro com seus fãs na twitcam. Veja abaixo:

Veja vídeo

As cenas em que Rashid empunha caneta e papel foram gravadas na casa do diretor, que também registrou imagens de dois shows de Rashid: um no Sesc Carmo, na capital paulista, e o outro em São José dos Campos, interior de SP. O estúdio que aparece no clipe é do DJ Caíque, produtor do disco "Que Assim Seja".

A edição frenética, cheia de cortes, segundo o MC, foi pensada para acompanhar o flow (levada da rima) e a batida, assinada pelo beatmaker Skeeter. Os scratches são do DJ Mr. Brown. "Eu queria mostrar para as pessoas que a música nasce assim. Simples. Nasce da força de vontade. Você só precisa pegar seu papel e sua caneta e fazer."

Rashid, que nos últimos três anos lançou os discos "Hora de Acordar" (2010), "Dádiva & Dívida" (2011) e "Que Assim Seja" (2012), ganhou duas indicações ao VMB 2012 : revelação e hit do ano, com "Quero Ver Segurar" (primeira faixa de "Que Assim Seja" a ganhar clipe).

O rap, por sinal, dominou a premiação da MTV brasileira, com 25 indicações. "Nem quando tinha uma categoria voltada para o rap tivemos tantas indicações. E para coroar isso tudo tem um show dos Racionais para encerrar. Acho que isso mostra o quão estrondoso é o momento que a gente está passando", avalia.

Sergio Carvalho/Folhapress
O rapper Rashid, uma das maiores promessas do rap nacional
O rapper Rashid, uma das maiores promessas do rap nacional

R.A.P., QUEM?

Michel Dias Costa, o Rashid, respeita o ritmo de sua evolução. Como diz na letra de "R.A.P.", não está "na de ensinar", está "na de aprender".

"Acho que tenho que conquistar as pessoas ainda, alcançar mais gente. Estou nesse momento de provar. Minha música é essa, eu faço isso, essa parada é muito séria pra mim e é isso o que eu quero para minha vida", explica.

Criado entre a casa do pai no Lauzane Paulista, bairro da zona norte paulistana, e a da mãe em Minas Gerais, o rapper arriscou as primeiras rimas aos 12 anos.

O momento da descoberta do rap foi compartilhado com os "moleques da rua", durante os felizes dias de férias que passava com o pai. Entre os "moleques" estava Projota, outra expoente da nova geração, com quem formou o primeiro grupo e treinou os primeiros versos improvisados.

As portas da cena se abriram para Rashid quando, aos 16 anos, começou a participar das batalhas de freestyle. Ele conquistou títulos na Batalha do Santa Cruz (promovida pela Afrika Kids Crew) e na Rinha dos MC's (organizada por Criolo e DJ Dan Dan), e chegou até a Liga dos MCs, principal competição nacional do estilo, em 2007.

Foi em "Porque Eu Rimo", faixa do primeiro disco solo de Kamau, "Non Ducor Duco" (2010), que Rashid mostrou que não estava de brincadeira.

"Kamau sempre foi uma referência", conta. Antes de entrar para as batalhas, ele e os amigos frequentavam a Central Acústica, encontro com microfone aberto liderado por Kamau, na Galeria Olido, centro de São Paulo.

No mesmo ano, lançou sua primeira compilação de rimas, "Hora de Acordar". Desde então, não parou mais. Ficar parado, na verdade, nunca fez muito seu estilo.

"Quando eu era Moska ainda (meu nome artístico antigamente era Moska), eu tinha tanta certeza de que isso tudo ia dar certo um dia, que eu ia virar uma parada grande, que eu resolvi mudar de nome", lembra. "Um dos motivos é porque existe o Paulinho Moska. Eu pensava, 'se um dia eu me tornar grande, ter o mesmo nome que o cara vai dar merda'", conta aos risos.

"E eu continuo com essa certeza de que tem muita coisa para acontecer, muita gente com quem eu quero trabalhar, muitos lugares que eu quero alcançar, que eu quero trabalhar, sabe? Não sei te dizer, mas vou trabalhar para que se torne uma parada bem grande."

"E não só o Rashid", pondera. "Eu tenho muito forte dentro de mim essa coisa do rap. Eu quero sempre estar somando no rap. Por maior que meu nome possa se tornar, eu quero que as pessoas associem Rashid a um cara do rap, que se inspira em Racionais, Facção Central, RZO. Eu quero carregar essa parada comigo para onde quer que eu vá."

Sérgio Carvalho/Folhapress
Rashid está indicado em duas categorias no VMB 2012: revelação e hit do ano
Rashid está indicado em duas categorias no VMB 2012: revelação e hit do ano

RAP E INTERNET

Racionais MCs, Facção Central, RZO, DMN, Realidade Cruel, Xis, Rappin' Hood. A formação musical de Rashid é basicamente nacional. "Era o que a gente ouvia no rádio, nos CDs pirateados que a gente comprava", lembra.

"Eu tenho 24 anos agora e tive meu primeiro computador com 21. Três anos atrás", lamenta. "Então eu demorei um pouco para ter contato com o rap gringo, a não ser 2Pac, Nas, A Tribe Called Quest", os clássicos dos anos 2000 que tocavam na quermesse."

Depois dos 19, ele usava o computador do telecentro perto de casa, onde fazia curso de informática, para pesquisar música. "Eu gosto muito de Mos Def, Talib Kweli. Jurassic 5, por exemplo, eu conheci num show que eles fizeram aqui no Brasil [no festival Indie Hip Hop]. Achei muito louco e fui pesquisar depois."

O engraçado, diz Rashid, é que o rap e internet se tornaram aliados rapidamente. "O rap se adaptou muito bem a essa parada de redes sociais. Porque ele sempre foi muito do boca a boca. E a internet é um boca a boca monstruoso." Para ele, a internet foi uma das responsáveis por levar o rap para outras classes sociais.

"Esse lance de saber usar tudo isso que chegou agora é muito importante para esse momento do rap. Muita gente tem nariz torto para nós. O rap é uma coisa nova, né, cara, tem nem 40 anos. Está todo mundo vendo o respeito sendo conquistado, os espaços sendo dominados", avalia.

"Todos os artistas que estão chegando são independentes. A gente não tem apoio, a gente cria nossos próprios apoios, nossos próprios selos, nossas próprias gravadoras. Essa experiência aqui vai ser crucial para a gente poder criar uma parada tão grande quanto é o mercado norte-americano do rap. Esse momento aqui está nos preparando para esse outro passo que está muito próximo."

 

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