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Depoimento: Com a cidade mais vazia, dá para visitar todas as instalações da Bienal
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SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO
Três repórteres, três trajetos, três meios diferentes: carro, transporte público e bicicleta. Na última sexta-feira, primeiro dia da 30ª Bienal para a visitação pública, a Folha visitou os pontos do evento fora do pavilhão do parque Ibirapuera.
De bicicleta: Circuito da Bienal fora do pavilhão é hostil à 'magrela'
De transporte coletivo: São necessários dois dias para visitar a Bienal de metrô e ônibus
Aqui, o trio relata suas impressões, das quais duas conclusões sobressaem: mesmo em feriado de sol, é impossível cobrir tudo se não se viaja em automóvel. E, se for ao Masp, vá com tempo para ver também a exposição de Caravaggio, pois a fila é única --e longa.
DE CARRO
Tomo o primeiro voo de Belo Horizonte, onde estava por conta da abertura dos pavilhões de Tunga e Lygia Pape no Instituto Inhotim, para São Paulo. Encontro o motorista do jornal em Congonhas e optamos por uma rota circular, começando pelos pontos mais distantes do centro.
Pela avenida dos Bandeirantes, com trânsito pesado mesmo em feriado, atravessamos a cidade com cara de ferrugem rumo à Casa do Bandeirante, no Butantã. Às 9h51, eu era o único visitante da instalação do português Hugo Canoilas.
Dali, tentamos achar uma saída sentido Morumbi, já que algumas ruas estão bloqueadas por obras na região.
Na Capela do Morumbi está uma montagem póstuma de propostas da artista Maryanne Amacher: uma instalação sonora que envolve objetos metálicos e a luz que entra pelas frestas nas paredes de taipa da capela, reformada pelo arquiteto Gregori Warchavchik (1896-1972). Também ali eu estava só.
Não demoramos a chegar à Casa Modernista, na Vila Mariana. Esta é outra obra de Warchavchik e nela também há instalações sonoras.
O americano Sergei Tcherepin e o japonês Ei Arakawa criaram chapas metálicas que, manipuladas com luvas de borracha pelos visitantes, distorcem os sons na antiga residência do arquiteto e de sua mulher, Mina Klabin.
A caminho do Masp, onde estão trabalhos de Benet Rossell e Jutta Koether, o trânsito engrossa, até ficar caótico na Paulista. O inverno quente não ajuda. Diante da fila, desisto e vou almoçar. Meia hora mais tarde, ela aumentou e dá voltas no vão livre.
Em meio aos que aguardam para ver Caravaggio sem sonhar que há uma parte da Bienal ali, uma enfermeira propõe medir minha pressão, megafones gritam contra a corrupção e poetas e pastores oferecem versos e sermões. Enfim lá dentro, gosto de como ficaram as obras no museu, embora gaste só 15 minutos, após 60 na fila.
Na Faap, onde estão filmes de Robert Smithson e trabalhos do chinês Xu Bing e do mexicano José Arnaud Bello, alívio. É talvez o melhor ponto da Bienal fora do pavilhão -em parte graças ao ar-condicionado e à chance de sentar para ver os clássicos de Smithson. Dali, trânsito tranquilo até a Luz. A instalação de Charlotte Posenenske flutua sobre a estação e passa despercebida, até que alguém para e olha para cima.
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