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21/09/2012 - 03h26

Otto lança álbum com referências que vão de Truffaut a Smiths

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LUCAS NOBILE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em menos de dois anos Otto deixou de ser Gregor Samsa para viver dias de Guy Montag.

Crítica: Mais leve, álbum não deixa de ser carregado de alma e entrega

Depois de buscar referência no protagonista de "A Metamorfose", de Franz Kafka, e ressurgir de certo ostracismo com o disco "Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos" (2010), depois de superar a morte da mãe e separações com as atrizes Alessandra Negrini e Mayana Moura, Otto volta a se basear em uma obra perturbadora.

A influência de seu sexto e novo álbum, "The Moon 1111", foi Guy Montag, personagem de "Farenheit 451" (1966), filme de François Truffaut inspirado no livro de Ray Bradbury em que bombeiros queimam livros no lugar de apagar incêndios.

Fabio Braga/Folhapress
O cantor e compositor pernambucano Otto, no bairro dos Jardins, em São Paulo
O cantor e compositor pernambucano Otto, no bairro dos Jardins, em São Paulo

O tributo ao universo de Truffaut serviu como mote para o disco, patrocinado pelo edital Natura Musical, que tem show de lançamento no dia 12/10 em São Paulo.

"Eu gosto mais de estar na corda bamba do que em cima de um muro grosso. Diferente dos meus outros discos, em que eu chegava com muita coisa pronta para gravar, desta vez as letras foram feitas de improviso, de momento", conta Otto.

Se a ligação com Truffaut soa como uma viagem do cantor e compositor pernambucano, as referências sonoras são bem mais explícitas.

Em "The Moon 1111", a psicodelia de Pink Floyd --e do disco "The Dark Side of The Moon"-- surge nas guitarras de Fernando Catatau.

Não à toa, em 2010 Otto tatuou na mão o título do álbum, que tinha lançamento previsto para 11/11/11.

A estética brega-romântica também é representada em diferentes momentos, como no tema "Dia Claro" --composto em homenagem ao trio Mutantes.

É em "A Noite Mais Linda do Mundo", de Odair José, que a aproximação se dá por completo. "Se você traduzir Pink Floyd, vai ver que o brega também está ali. A única coisa que esses caras faziam era contar histórias românticas de maneira simples, como eu faço."

Outra referência foi o som eletropop dos anos 1980. "O disco já estava encaminhado quando eu vi um programa na MTV e lembrei do quanto eu tinha sido influenciado por bandas como The Cure, The Smiths e até pelo A-ha", lembra o cantor.

"Ali surgiu o mote para o meu próximo disco, que vai se chamar 'Ottomatopeia'. Já decidi encaixar neste disco os tecladinhos e os sintetizadores daquela sonoridade."

IMERSÃO EM PEIXINHOS

A gravação de "The Moon 1111" foi dividida em duas partes. A primeira, essencial para definições estéticas, foi feita numa unidade móvel em Peixinhos, bairro pobre que fica entre Recife e Olinda. Em quatro dias, gravaram todas as bases do disco com jovens percussionistas locais.

"Foi uma comoção. Por ser um bairro no meio do caminho entre Recife e Olinda, rola um abandono em Peixinhos. É tipo uma faixa de Gaza", diz o produtor Pupillo.

"A referência a Fela Kuti está mais na ancestralidade que os meninos carregam, na sua resistência. Há toques de candomblé e instrumentos que só existem nos terreiros de lá", diz o produtor.

"The Moon 1111" teve uma segunda parte feita em São Paulo, gravada com a banda de Otto (Pupillo, Catatau e Dengue) e com o produtor Kassin, o tecladista Donatinho e Lincoln Olivetti, tecladista e produtor de nomes como Jorge Ben Jor, Tim Maia, Gal Costa e Gilberto Gil.

"Esse disco é mais solar, mas tem sentimento e melancolia. Em 'Dia Claro', quando o Lincoln entrou com o teclado, aquilo é Tim Maia. Acabei recitando algo triste", comenta Otto, mencionando versos como "Você falou que ia embora/ Pode ir, sabe por quê?/ Porque eu vou ficar com meu filho/ Que tu não assumiste".

Não que sejam referência direta à vida pessoal de Otto. Segundo ele, de autobiografia o disco carrega apenas as vivências com as cidades.

"Como as letras surgiram de improviso, há muitas colagens. Tem até uns versinhos que fiz quando tinha 13 anos." Na ocasião, ainda adolescente, Otto versou: "Becos e praças são para desgraças/ O amor e o medo são pontas de facas". O trecho está em "O Que Dirá o Mundo", gravada com Lirinha e Pupillo.

PARTICIPAÇÕES

O disco tem ainda as participações de Fabio Trummer, da banda Eddie, na densa "The Moon 1111", de Luê Soares, em "Selvagens Olhos, Nego" (feita há quase 10 anos em homenagem a Sabotage), do Balé Afro Magê Molê, em "Miss Apple e Zé Pilantra", e da atriz Tainá Muller, em "Ela Falava".

"A Tainá me lembra muito atrizes dos filmes de Truffaut. Já pensei nela até para o clipe da música", diz Otto.

Na próxima semana, o cantor, que mora no Rio, começa a ensaiar em São Paulo com sua banda para o show. "A gente inventa de parar tudo e conceituar as ideias em um disco, é um processo meio doido. Não vejo mesmo é a hora de voltar pro palco."

THE MOON 1111
QUANDO dia 12/10, às 18h
ONDE pça Vitor Civita (r. Sumidouro, 580)
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO livre

Editoria de Arte/Folhapress
DEPOIS DO ECLIPSE As referências que iluminaram o novo disco de Otto
DEPOIS DO ECLIPSE As referências que iluminaram o novo disco de Otto
 

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