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Crítica: Cópia malfeita de Shyamalan deixa a sensação de engodo
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RICARDO CALIL
CRÍTICO DA FOLHA
A partir de "O Sexto Sentido" (1999), o cineasta M. Night Shyamalan cristalizou um modelo de suspense sobrenatural: ao longo da narrativa, ele deixa discretas pistas sobre o mistério central; no final, reagrupa esses elementos em uma espécie de clipe expositivo.
Desde então, muitos cineastas tentaram repetir o modelo, sem o mesmo sucesso. A razão é simples: eles pegaram o que havia de pior em Shyamalan (a artificialidade da fórmula), mas nunca igualaram o que tem de melhor (a originalidade audiovisual).
Esse é o problema que aflige "Poder Paranormal". O diretor Rodrigo Cortés ("Enterrado Vivo") segue à risca o padrão celebrizado por Shyamalan, mas o estilo funcional do espanhol está longe da sofisticação do colega.
O filme se apoia no embate entre crença e razão, e sua premissa tem lá seu interesse -ainda mais em tempos de onda espírita no cinema.
Divulgação | ||
Robert De Niro em cena do filme "Poder Paranormal" |
Uma professora de psicologia (Sigourney Weaver) e seu assistente (Cillian Murphy) se especializam em desmascarar pessoas que se passam por paranormais. A tarefa costuma ser simples: os investigados são, em geral, charlatões primários.
Mas aí aparece em cena o médium cego Simon Silver (Robert De Niro), uma lenda da paranormalidade, que havia se aposentado há 30 anos. Ele se revelará um desafio muito maior -e mais perigoso- para o ceticismo da dupla de investigadores.
Há alguma sabedoria na escolha de De Niro para interpretar o médium: a canastrice que o ator desenvolveu nos últimos anos se encaixa bem no papel. Weaver e Murphy também são opções corretas. Mas os méritos de Cortés não vão muito além do casting.
"Poder Paranormal" sofre com uma contradição básica: para tornar mais chamativa a história de pessoas que investigam truques mediúnicos, o filme recorre a uma série de truques narrativos -sobretudo esconder informações essenciais sobre os personagens.
Quando elas finalmente são reveladas, fica a sensação de engodo, como se o diretor fosse também um charlatão -e o espectador, sua vítima.
É algo que se sente também nos filmes menos interessantes de Shyamalan, como "Sinais" (2002) ou "A Dama na Água" (2006). Mas, nesses caos, são a sobremesa de uma refeição cinematográfica farta, e não do arroz com feijão de "Poder Paranormal".
PODER PARANORMAL
DIREÇÃO Rodrigo Cortés
PRODUÇÃO EUA/Espanha, 2012
ONDE nos cines Anália Franco, Kinoplex Itaim e circuito
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO ruim
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