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27/09/2012 - 05h06

Diretores russos chegam aos palcos de São Paulo

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GABRIELA MELLÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"O voo de um único pássaro é belíssimo, mas o de uma revoada é mágico." Essa é a metáfora encontrada pelo russo Jurij Alschitz para descrever o poder do teatro de grupo, endossada por seu conterrâneo Adolf Shapiro.

Ambos são encenadores aclamados e tiveram como mestres ex-alunos de Constantin Stanislávski (1863-1938), um dos maiores nomes da história do teatro, criador do método de atuação que há mais de um século é referência na cena mundial.

Coincidentemente, esses diretores estreiam, nesta semana em São Paulo, trabalhos com dois grupos de teatro do Brasil formados apenas por atores.

Alschitz apresenta "Eclipse", montagem do Grupo Galpão baseada na obra de Anton Tchékhov (1860-1904).

Shapiro monta "Pais e Filhos", adaptação do livro homônimo de Ivan Turguêniev (1818-1883), realizada pela Mundana Companhia.

Como o Galpão, que completa 30 anos, a Mundana pensa o intérprete como criador, elegendo diretores diferentes para cada projeto.

"Nosso coletivo é formado por atores autônomos", explica Luah Guimarãez. A atriz fundou a Mundana em 2008, na ocasião da montagem de "O Idiota", que teve direção de Cibele Forjaz.
Os dois grupos optaram por trabalhar com os russos para se aprofundarem nas pesquisas sobre o universo da atuação.

"Nossa geração vem de uma tradição de criação coletiva que por muito tempo se desocupou da interpretação para ocupar-se da totalidade da encenação", acredita Sergio Siviero, da Mundana.

Em "Pais e Filhos", o ator vive o niilista Bazárov, que, ao lado do amigo Arkadi, trava um embate de ideias com a geração que o antecede.

Lenise Pinheiro/Folhapress
A atriz Inês Peixoto em cena da peça "Eclipse"
A atriz Inês Peixoto em cena da peça "Eclipse"

RENOVAÇÃO

Com "Eclipse", o Galpão parte em busca de um teatro mais introspectivo e dá uma guinada em sua trajetória marcada por espetáculos de linguagem popular.

A imersão em Tchékhov começou em 2009, com "Moscou", documentário de Eduardo Coutinho que retrata ensaios de "As Três Irmãs".

O segundo projeto foi a versão de "Tio Vânia", dirigida por Yara de Novaes.

"Eclipse" fecha a trilogia. A peça é baseada em contos do autor. Por meio de uma estruturada fragmentária, nova para um grupo habituado a fábulas, apresenta reflexões filosóficas sobre caos, talento e fé, entre outros temas.

"Estamos acostumados a uma interpretação mais exteriorizada. O trabalho, difícil para a gente, foi justamente o oposto: trabalhar com energias internas, nem sempre perceptíveis", explica Chico Pelúcio, do Galpão.

Tanto Alschitz como Shapiro buscaram renovar a arte da atuação. "Quis revolucionar o Galpão, fazer com que os atores esquecessem que são considerados grandes intérpretes", diz Alschitz.

Shapiro defende que a atuação nunca é solitária, mas parte de um jogo estabelecido no palco.

"Terminada uma cena, se o ator só lembrar de sua interpretação, é sinal de que não fez um bom trabalho. Ele deve se lembrar do intérprete com quem contracenou. É preciso estar aberto ao outro", ensina o diretor.

"Shapiro nos tira do lugar de um ator diante de um grande papel para nos colocar em cena como grandes jogadores", sintetiza Lúcia Romano, da Mundana.

ECLIPSE
QUANDO qui., sex. e sáb., às 21h; dom., às 18h; de hoje a 14/10
ONDE Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141; tel. 0/xx/11/5080-3000)
QUANTO R$ 24
CLASSIFICAÇÃO 12 anos

PAIS E FILHOS
QUANDO sex. e sáb., às 21h; dom., às 19h; de 29/9 a 11/11
ONDE Sesc Pompeia (r. Clélia 93; tel. 0/xx/11/3871-7700)
QUANTO R$ 20
CLASSIFICAÇÃO 16 anos

 

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