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Crítica: Osesp fecha ciclo sinfônico de Bernstein serena e concentrada
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SIDNEY MOLINA
CRÍTICO DA FOLHA
"O conhecimento necessário não é nada extraordinário" --escreveu W. H. Auden (1907-73) em seu longo poema "A Era da Ansiedade" (1947)--, "é essencial apenas uma intranquilidade triste de que vida alguma carece".
Essa mesma tristeza inquieta, com momentos de assepsia sonora a ladear trechos temáticos vulgares, emana da "Sinfonia nº 2" de Leonard Bernstein (1918-1990), escrita dois anos após a publicação do poema.
Com a obra regida pelo holandês Lawrence Renes e solos do pianista brasileiro Jean-Louis Steuerman a Osesp encerrou a apresentação das três sinfonias de Bernstein na mesma temporada.
Não são obras muito conhecidas entre nós, por isso o ciclo ajuda a colocar o compositor em seu devido lugar, para além do maestro reconhecido e das charmosas orquestrações escritas para musicais da Broadway.
"Jeremiah" (a primeira sinfonia) foi composta durante a Segunda Guerra; "A Era da Ansiedade", em 1949; e "Kaddish", de 1963, coincide com a morte de John Kennedy. Sobressaem sempre incerteza, ansiedade e religiosidade.
Marin Alsop (ela mesma aluna de Bernstein) regeu "Kaddish" com categoria em abril, mas talvez o ponto alto desse ciclo tenha sido, no mesmo mês, a apresentação de "Jeremiah" com o maestro japonês Eiji Oue e a mezzo-soprano Ednéia de Oliveira.
"A Era da Ansiedade" é a única sinfonia que não utiliza a voz humana, porém a presença de um piano solista assume caráter narrativo, elaborado com maestria pela interpretação de Steuerman.
Do duo de clarinetes do "Prólogo" ao final mahleriano a Osesp esteve muito bem. Parece agora mais serena e concentrada, e essas qualidades se mantiveram em "Tratado de Harmonia" (1985), complexa obra em três movimentos de John Adams, 65.
O título alude ao livro de Arnold Schoenberg (1874-1951), referência de prática artesanal e especulação teórica. Aqui, Adams coloca a sua própria música em perspectiva, mergulha generosamente no passado e sai ileso.
É musica madura, de quem tem a idade exata do poema de Auden mas não partilha as mesmas ansiedades. Pena a Sala São Paulo não estar lotada na quinta-feira.
TEMPORADA OSESP
RENES E STEURMAN
QUANDO sábado (29), às 16h30
ONDE Sala São Paulo (praça Júlio Prestes, 16; tel. 0/xx/11/3367-9500)
QUANTO de R$ 44 a R$ 149
CLASSIFICAÇÃO 7 anos
AVALIAÇÃO ótimo
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