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30/09/2012 - 15h05

Ator Terrence Howard diz que pode ter a cura para o câncer

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RODRIGO SALEM
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

No filme "Sem Proteção", Terrence Howard é uma das peças menos interessantes da trama estrelada por Robert Redford e Shia LaBeouf. Faz um agente que persegue o "terrorista" de Redford que está em fuga depois de 30 anos com uma identidade falsa.

"Eu fiz esse filme porque queria trabalhar com Robert Redford. Não havia dinheiro ali, acho que foi o menor pagamento que tive em toda minha carreira. Mas o que ganhei como artista, eu nunca poderia medir", exalta Howard, que está no Brasil para divulgar o longa, que fez sua première no sábado (29) e tem sessões ainda neste domingo (30) e na segunda-feira (1º), no Festival do Rio.

Mas o ator, que foi indicado ao Oscar em 2006 pelo papel de marginal que vira rapper em "Ritmo de um Sonho", é bem mais interessante do que seu novo personagem.

Demitido da franquia "Homem de Ferro" após o primeiro filme, no qual fez o militar James Rhodes, homem de confiança do bilionário Tony Stark (Robert Downey Jr.), Howard diz que sua saída foi uma "bênção", pois permitiu seu retorno à universidade para completar um doutorado em engenharia química.

"Enquanto eles [os produtores de 'Os Vingadores', que veio depois de 'Homem de Ferro 2'] estavam fazendo esse filme, eu criei algo chamado 'sequenciamento de ondas harmônicas', que pode ser a cura para o câncer", revela o ator de Chicago.

Achou estranho? Acredite, isso é apenas a ponta do iceberg quando você se aventura a entrevistar Terrence Howard. Ele alterna momentos de piadas que poderiam fazer sentido em um encontro de tipos semelhantes ao Sheldon, o personagem mais esquisito da série "Big Bang Theory" a confissões como: "Eu sei de segredos que nenhuma pessoa no mundo sabe. Mas não vou revelar. Você acha que Einstein teria feito o mesmo se soubesse o que fariam com sua equação?".

O ator deixa as assessoras do Fest Rio constrangidas com pedidos urgentes como "álcool higienizador" e "um McDonald's", além de comentários estranhos ("Não seja tão sensível, você tem 4,54 bilhões de ano. Não precisa agir como se tivesse nascido ontem").

No final da entrevista sobre tudo (Deus, música, cientologia, Oscar), menos sobre cinema, Howard ainda fala, quando a reportagem desliga o gravador: "Como conversamos sobre muitas coisas, espero que você não tire nada de contexto, porque seríamos inimigos. E trato meus inimigos com vingança. Mas nós somos amigos". E dá o punho para cumprimentar. "Boas perguntas, irmão".

Veja abaixo os melhores trechos da entrevista:

Tim Shaffer - 13.set.12/Reuters
O ator Terrence Howard
O ator Terrence Howard

*

Você gravou ritmos latinos em seu único CD de música, "Shine Through It", de 2008. Gosta do gênero?
Amo Caetano. Ele é o maior músico, cantor e compositor ao qual fui exposto em minha vida.

Faz quatro anos que você não grava algo.
Estou escrevendo um disco novo neste momento. Acho que a humanidade ainda está na Idade da Pedra em termos de gravação e na compreensão do que é frequência e teoria da música. Então precisei me reeducar para não ficar preso às regras tradicionais de energia musical.

Você chegou a fazer uma turnê?
Sim, mas minha mãe morreu logo no início da turnê [de câncer no cólon] e precisei acabar.

Mas gostou da experiência de estar na estrada?
Não. As pessoas só queriam me ver subir no palco para cantar "Whoop That Trick" e "It's Hard Out Here for a Pimp" [cantadas por Howard no filme "Ritmo de Um Sonho"]. Apesar das gravações serem com a minha voz, elas não são minhas, mas do personagem Djay. Eles queriam o personagem e não Terrence Howard. E eu queria o oposto.

Incomoda o fato desse papel ter virado tão icônico?
Não, é uma bênção. As pessoas não gostam do personagem por causa de sua dureza ou das rimas, mas por causa de sua humanidade e de seu desejo de escapar das restrições que a humanidade jogou em cima dele.

Você foi indicado ao Oscar pela interpretação. Às vezes,o Oscar parece ser uma maldição para certos atores.
Eu não dou a mínima para Oscar. Eu não preciso que alguém me diga que sou bonito para me sentir bonito. Eu não preciso de alguém me aplaudindo para que eu saiba que fiz o melhor. Isso vem de dentro. Todo mundo ao meu redor estava encantado, falando: "Você vai ganhar um Oscar". Deixa disso, eu quero ganhar meu respeito e o da minha família, de Deus e dos meus amigos. Assim você sabe que fez um bom trabalho. Não importa se é um papel pequeno ou grande, você precisa colocar toda a alma nele, porque você está refletindo um pedaço de Deus ali.

Você citou Deus agora e, recentemente, "A Promessa", um filme no qual você participa, estreou no Brasil. Gosta desse tipo de filme mais espiritual?
Não, eu fiz por dinheiro.

Não é um paradoxo? Você diz que deseja ganhar o próprio respeito, mas faz um filme apenas por dinheiro?
O que eu quis dizer que eu faço filmes para ganhar meu respeito e não por aclamação. Mas eu faço esse trabalho porque preciso alimentar minha família. É minha escolha profissional. Eu também queria trabalhar com Liv Tyler, sempre fui encantado por ela. O fato de ter feito um certo sucesso foi uma recompensa e pude aplacar as necessidades de minha família naquela época.

Eu li que você está querendo virar Testemunha de Jeová.
É verdade. Eu quero virar Testemunha de Jeová. Eles possuem a verdade. Todo mundo lá fora está dando tapinha nas costas uns dos outros, mas eu finjo sempre no trabalho. Isso não tem nada a ver com Natal ou Páscoa. Como ator, eu quero contar a verdade. Eu não acredito em atuação. No momento em que sentir que estou atuando, eu saio no meio das filmagens.

O que você precisa para se converter?
Eu preciso parar de fumar. Preciso ser mais moral e permitir que Deus e a Bíblia virem a grande autoridade na minha vida. Neste momento, Deus é minha barriga. Só faço coisas que me satisfazem. Quero alcançar um lugar em que precisarei fazer sacrifícios de verdade.

O quão distante você está deste lugar?
Tão longe quanto qualquer outro ser humano neste planeta.

Voltando um pouco ao cinema, você trabalhou com o diretor brasileiro Walter Salles em "Na Estrada". Como foi?
Walter te dá toda a liberdade para viver no personagem. Ele ama atores e não quer ninguém atuando. Ele deseja que você viva e isso foi a melhor coisa nele. Ele criou um ambiente no qual o ator pode baixar a guarda e ser humano. Eu só fiquei em casa tocando meu saxofone [neste momento, a porta da sala se abre e uma assessora do festival entra com um saco de McDonald's]... Ah, a entrevista acabou.

Você vai comer McDonald's?
Não, vou olhar ficar aqui olhando para a comida [risos].

Isso é o que te deixa longe de Deus.
Eu estou na Cidade de Deus.

Você viu o filme?
Sim, foi o melhor filme que vi na vida. Espero que Fernando [Meirelles] esteja aqui no Festival, porque adoraria trabalhar com ele [agora, ele interrompe a entrevista para pedir álcool para limpar as mãos]. Preciso de álcool para limpar minhas mãos dessas pessoas esquecidas por Deus que me tocaram [risos]. Isso foi uma piada!

E esse filme que você está lançando no Festival do Rio, "Sem Proteção"? Você fez por dinheiro também?
Não, esse eu fiz porque queria trabalhar com Robert Redford. Não havia dinheiro ali, acho que foi o menor pagamento que tive em toda minha carreira. Mas o que ganhei como artista eu nunca poderia pagar. Na maior parte do tempo ele estava dirigindo, mas tivemos algumas cenas juntos e foi incrível, porque ele é muito simples, honesto.

Redford serviu de modelo para você como ator?
Não, eu sou meu próprio modelo de vida. Eu o admiro como homem, artista e pela integridade. Mas não há um ser humano neste planeta que eu siga. Sou um narcisista. Eu acho que Deus me fez perfeito. Acho que todo mundo deveria sentir-se dessa maneira. Se todo mundo tivesse a autoestima que eu tenho, não teríamos tantos problemas no mundo. Às vezes, trazemos problemas e sofrimento ruins aos outros porque não nos sentimos talentosos ou beneficiados.

Você se acha perfeito, mas desapontou algumas pessoas...
O que eu falei é que, Deus me criando a sua imagem, eu sou perfeito. Porque não podemos dizer que algo que Deus criou é imperfeito. A parcela de Deus em mim é perfeita. Eu não vejo ossos e carne em mim. É como uma mulher bonita: não importa se ela está envelhecendo, a beleza de deus estará nela.

Você trabalhou com Paul Haggis em "Crash". Ele era um cientólogo importante naquela época. Chegaram a conversar sobre religião?
Não. Eu converso sobre assuntos espirituais com pessoas espirituais. Por ter doutorado em engenharia química, eu posso falar com alguém sobre ciência se for o caso [a assessora traz o álcool e despeja uma quantidade maior que a necessária na palma da mão de Howard]. O que é isso? Gel para cabelo? Obrigado mesmo assim [a assessora não gosta muito da brincadeira]. Não seja tão sensível. Você tem 4,54 bilhões de anos. Você é velha demais para agir como tivesse nascido ontem. Você sabe sobre o que estou falando. Você tem a idade de qualquer átomo no universo. Energia que não pode destruída [Ela sai].

Você está assustando a garota...
Ela deveria ter medo de monstros mesmo.

Quem seria esse monstro, você?
Não sei. Eu costumava tirar o grave da minha voz, porque assustava as pessoas, mas percebi que os leões não deixam de rugir mais alto só porque coelhinhos têm medo. Coelhos precisam ter medo de leões.

Você acha que Jon Favreau [diretor de "Homem de Ferro"] teve medo de você?
Claro que sim. Ele não me entendia e tinha outros objetivos. Mas eles me deram a oportunidade de viver Rhodes e serei sempre agradecido por isso.

Qual seu sentimento quando vê o sucesso de "Os Vingadores"?
Enquanto eles estavam fazendo esse filme, eu criei algo chamado "sequenciamento de ondas harmônicas", que pode ser a cura para o câncer. É baseado nas vibrações produzidas pela ressonância. Tudo que [Nikola] Tesla [cientista e inventor austríaco do início do século passado que trabalhava com energia, ondas vibratórias e comunicação] queria saber, eu descobri. Os erros que Einstein cometeu... Ele achava que o Universo era infinito, enquanto ele está confinado. Eu gostaria muito de ter conversado com ele. Então, o que aconteceu depois de "Homem de Ferro" me possibilitou voltar para a universidade e fazer essas coisas maravilhosas. Então, foi uma bênção.

Mas o que realmente aconteceu?
Eles não quiseram pagar os US$ 8 milhões pelos quais eu tinha direito pelo contrato assinado para três filmes. Eles disseram que me dariam US$ 1 milhão e meu agente recusou. Depois, saíram com uma campanha, falando que eu não assinei porque queria um aumento. E alguém da Disney disse: "Coloquem outro ator negro no lugar que ninguém vai notar". O que eles não sabem é que a Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor está atrás deles. Então, eu não devo ganhar apenas US$ 8 milhões pelo segundo filme [do Homem de Ferro] e US$ 12 milhões pelo terceiro, mas vou ganhar por danos. Vou processar o traseiro deles.

É uma pena que tenha acontecido...
Mas isso é invisível perto do que vou trazer para o mundo. Por que você acha que sou tão arrogante? Eu sei de segredos que ninguém no mundo conhece.

Você pretende fazer algo com esses segredos?
Não.

Por quê?
Por que eu deveria?

Sei lá, benefício da raça humana?
Sério?

Sim.
Se Einstein soubesse o que fariam com a equação E=MC2 quarenta anos depois de ele ter escrito, você acha que ele teria feito isso?

Mas é diferente, você diz que pode curar o câncer.
Eu não falei que não faria, apenas não vou explicar como. Estou em processo de arrecadação para construir um laboratório. Eu falaria mais, mas prefiro agir.

Pensa em desistir de atuar para perseguir essa carreira científica?
Eu não preciso desistir de atuar. Não preciso pesquisar mais nada. Atuação financia isso. Estou trabalhando com uma empresa chamada de biotecnologia Bioworld, em Memphis e o Centro de tratamento de Câncer dos Estados Unidos. Não preciso da ajuda de ninguém de Los Angeles. Nos próximos dois anos, você verá.

Você acabou de trabalhar com Lee Daniels [diretor de "Preciosa"] em "The Butler", que é um dos roteiros mais disputados de Hollywood.
Lee Daniels é um deus entre formigas. É o melhor diretor com quem trabalhei na vida. Seus filmes são ousados e sem medo. Arte é para ser assim, sem limites.

 

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