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04/10/2012 - 06h54

Muralista baiano cria intervenções nas ruas de NY

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GABRIELA LONGMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NOVA YORK

Poucos brasileiros longe de Salvador já ouviram falar de Bel Borba, mas alguns nova-iorquinos foram seduzidos por sua figura.

Aos 55 anos, o muralista baiano foi tema de reportagens recentes do "New York Times" graças a um projeto de "street art" que tem desenvolvido na cidade.

Conhecido pelos mosaicos e painéis que monta em bairros da capital baiana, o artista tem saído diariamente às ruas de Nova York, perambulando com sua equipe por regiões do Brooklin, do Queens e de Manhattan.

Usando garrafas pet, sacos de lixo, chicletes, adesivos, pedaços de plástico e o que surgir à frente, Borba entra em contato com associações de moradores a fim deixar sua marca no chão ou nas paredes públicas.

Numa sexta-feira ensolarada, a Folha o encontrou debruçado no chão de Roosevelt Island. Enquanto desenhava, câmeras de vídeo e alguns passantes acompanhavam os seus movimentos.

"As ações são todas efêmeras, sem rastro, sem vandalismo. O vídeo é o produto final", explica ele. "A obra é a capacidade que você tem de materializar ideias."

Filmadas e editadas, 30 dessas intervenções serão reunidas no blog do artista (diariobaiano.wordpress.com ) e exibidas em alguns dos telões da Times Square --uma por dia ao longo do mês de outubro.

O projeto é fruto de uma associação entre o artista e o produtor e videomaker norte-americano Burt Sun.

Foi ele que "descobriu" Borba pelas ruas de Salvador e, em 2009, resolveu fazer um documentário sobre o artista.

Com uma hora e meia de duração, "Bel Borba Aqui" esteou em NY no Film Forum, espécie de templo do cinema independente na cidade.

"Estava cansado de tudo e fui morar em Salvador, para arejar a cabeça. Comecei a reparar nos murais de Bel. Quando o conheci pessoalmente, ficou claro que era o personagem perfeito para um filme, por causa da relação que ele tem com a cidade e com seu próprio trabalho. Restituiu minha fé na arte", explica Sun.

Mais do que na arte, o documentário foca no jeito despojado de Borba e na sua "energia criadora".

Na nova empreitada nova-iorquina, Burt e seu parceiro André Constantini editam a filmagem de cada uma das ações de rua até transformá-la numa pequena narrativa.

"Queríamos algo divertido, leve e inventivo", diz o diretor, comemorando o fato de ter conseguido mais tempo de tela do que Yoko Ono no plano de exibição de vídeos artísticos da Times Square.

Borba diz que optou desde cedo por se afastar do circuito de museus e galerias, bem como do grafite-protesto. Desde os anos 1970, ele faz seus murais pelas ruas e vende as pinturas e esculturas sem intermediação.

Dedé, ex-mulher de Caetano Veloso, e o publicitário Duda Mendonça estão entre seus clientes.

Com um bigode à la Salvador Dali e uma indiferença por bienais, curadores e afins, Bel Borba diz que gosta mesmo é de produzir sem parar e transformar tudo o que vê pela frente.

"É arte? É marketing? Para mim, levantar essa discussão já é uma conquista ", sugere o artista. Capital da arte e do marketing, Nova York está adorando recebê-lo.

 

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