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Crítica: Diretor francês trata como rotineira uma história excepcional
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RICARDO CALIL
CRÍTICO DA FOLHA
A primeira impressão deixada pela sinopse do filme "De Volta para Casa" é a de oportunismo.
A história ficcional de Gaëlle, uma jovem mantida em cativeiro durante oito anos por seu sequestrador, remete à história real da austríaca Natascha Kampusch.
O diretor do filme, o francês Frédéric Videau, declarou que usou o caso como referência para desenvolver o argumento, mas garantiu que o filme é sobre Gaëlle, não sobre Natascha.
Ao longo de "De Volta para Casa", o adjetivo "oportunista" será aos poucos esquecido. Videau optou por um drama naturalista sóbrio, que evita simplificações ou sensacionalismos.
Divulgação | ||
Cena de "De Volta para Casa", do francês Frédéric Videau |
No começo do filme, a adolescente Gaëlle, vivida pela atriz Agathe Bonitzer, é libertada subitamente por Vincent (Reda Kateb), após oito anos de cativeiro, sem contato com outras pessoas.
A partir daí, a trama vai se alternar entre a difícil tentativa de readaptação de Gaëlle à sociedade, em especial a reaproximação com seus pais, e flashbacks que mostram a complexa relação desenvolvida entre a vítima e o seu algoz.
Videau se mostra menos interessado em explorar os contornos mais sombrios da história do que em tentar compreender o comportamento dos personagens em situação tão extrema.
E as soluções dramáticas encontradas escapam das respostas óbvias: nada de síndrome de Estocolmo, mas também nada de "Jogos Mortais". Só uma patologia discreta, difícil de decifrar, da parte do sequestrador.
Ao final, o problema do filme é o contrário do que se supôs no princípio. Na ânsia de evitar o escandaloso, Videau acabou realizando um filme frio, sem sangue (e não apenas no sentido literal).
"De Volta para Casa" é o que se espera de um certo cinema francês de bom gosto, que apresente roteiro correto, direção frugal e atuações minimalistas.
Assim, o aspecto mais sinistro do filme acaba sendo não o comportamento do sequestrador, mas um tratamento tão rotineiro para uma história tão excepcional.
DE VOLTA PARA CASA
DIRETOR Frédéric Videau
PRODUÇÃO França, 2012
ONDE Lumiére Playarte e Reserva Cultural
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO regular
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