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05/10/2012 - 06h06

Crítica: Diretor francês trata como rotineira uma história excepcional

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RICARDO CALIL
CRÍTICO DA FOLHA

A primeira impressão deixada pela sinopse do filme "De Volta para Casa" é a de oportunismo.

A história ficcional de Gaëlle, uma jovem mantida em cativeiro durante oito anos por seu sequestrador, remete à história real da austríaca Natascha Kampusch.

O diretor do filme, o francês Frédéric Videau, declarou que usou o caso como referência para desenvolver o argumento, mas garantiu que o filme é sobre Gaëlle, não sobre Natascha.

Ao longo de "De Volta para Casa", o adjetivo "oportunista" será aos poucos esquecido. Videau optou por um drama naturalista sóbrio, que evita simplificações ou sensacionalismos.

Divulgação
Cena de "De Volta para Casa", do francês Frédéric Videau
Cena de "De Volta para Casa", do francês Frédéric Videau

No começo do filme, a adolescente Gaëlle, vivida pela atriz Agathe Bonitzer, é libertada subitamente por Vincent (Reda Kateb), após oito anos de cativeiro, sem contato com outras pessoas.

A partir daí, a trama vai se alternar entre a difícil tentativa de readaptação de Gaëlle à sociedade, em especial a reaproximação com seus pais, e flashbacks que mostram a complexa relação desenvolvida entre a vítima e o seu algoz.

Videau se mostra menos interessado em explorar os contornos mais sombrios da história do que em tentar compreender o comportamento dos personagens em situação tão extrema.

E as soluções dramáticas encontradas escapam das respostas óbvias: nada de síndrome de Estocolmo, mas também nada de "Jogos Mortais". Só uma patologia discreta, difícil de decifrar, da parte do sequestrador.

Ao final, o problema do filme é o contrário do que se supôs no princípio. Na ânsia de evitar o escandaloso, Videau acabou realizando um filme frio, sem sangue (e não apenas no sentido literal).

"De Volta para Casa" é o que se espera de um certo cinema francês de bom gosto, que apresente roteiro correto, direção frugal e atuações minimalistas.

Assim, o aspecto mais sinistro do filme acaba sendo não o comportamento do sequestrador, mas um tratamento tão rotineiro para uma história tão excepcional.

DE VOLTA PARA CASA
DIRETOR Frédéric Videau
PRODUÇÃO França, 2012
ONDE Lumiére Playarte e Reserva Cultural
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO regular

 

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