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08/10/2012 - 08h31

O esforço de Nollywood pelo cinema de qualidade

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KIRK SEMPLE
DO "NEW YORK TIMES"

A produção que ocupou neste ano alguns quartos de um hospital em Nova York se parecia com a de um filme comum de baixo orçamento americano. Só que, apesar do aspecto humilde, seu diretor e produtor, Tony Abulu, e seus patrocinadores dizem que "Doctor Bello" tem potencial para dar um novo rumo ao cinema nigeriano.

Conhecida como Nollywood, essa é talvez a terceira maior indústria cinematográfica do mundo em termos de faturamento. Mas os filmes são conhecidos por seus enredos fracos, pelas atuações amadoras e pela precariedade das produções.

Num esforço para melhorar a qualidade dessas produções, o presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, anunciou em 2010 a criação de uma linha de crédito de US$ 200 milhões para financiar filmes.

No primeiro semestre, Abulu, um nigeriano radicado no Harlem (Nova York), foi escolhido para receber o primeiro empréstimo, de US$ 250 mil. "A Nigéria pergunta: 'Será que alguém daqui consegue fazer um filme que entre no circuito mundial de salas de cinema?'", diz Abulu. "Dizem que sou a pessoa que conseguirá isso."

Ambientado na Nigéria e nos EUA, o filme conta a história de um oncologista afro-americano, Michael Durant, que tenta salvar um paciente buscando ajuda de um médico nigeriano que não é certificado, o Dr. Bello. Uma poção secreta africana dada por ele ajuda o paciente, mas a solução de Durant é descoberta, e ele é suspenso do hospital, enquanto Bello é preso. No entanto, o próprio Bello adoece, e cabe a Durant localizar numa serra nigeriana o elixir para salvá-lo.

Tentando afastar seu filme da rota da maioria das obras de Nollywood, Abulu fez um projeto ambicioso para o padrão local. Selecionou grandes astros de Nollywood, como Genevieve Nnaji e Stephanie Okereke. E trouxe também vários atores hollywoodianos, como Isaiah Washington (da série "Grey's Anatomy") e Vivica A. Fox (de "Independence Day").

Washington, que interpreta Durant, disse que aceitou o papel em parte pela oportunidade de fazer uma ponte de diálogo entre Hollywood e Nollywood. Mais do que isso, ele também espera que seu envolvimento nesse filme ajude de alguma maneira a Nigéria. "Eu me perguntei o que eu podia fazer para ajudar a tirar o estigma da Nigéria e de Nollywood", disse o ator.

Embora "no papel" o orçamento seja de US$ 1 milhão, os gastos efetivos, segundo Abulu, ficarão em torno de US$ 500 mil --valor ínfimo para Hollywood, mas enorme para Nollywood.

O diretor cortou custos convencendo o elenco a abrir mão de parte do seu cachê em troca de participação nos lucros do filme, e ao adotar um cronograma acelerado. Numa tarde, ele filmou no restaurante nigeriano Buka, no Brooklyn. Abulu não tinha como alugar a locação inteira, então gravou no meio do barulho de uma clientela real.

Ele não parecia incomodado com essas condições. "Não vejo meu filme como entretenimento, mas como um meio de sobrevivência para os africanos."

 

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