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Crítica: "Moonrise Kingdom" é prova de universo particular do diretor
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RICARDO CALIL
CRÍTICO DA FOLHA
"Moonrise Kingdom" dificilmente irá alterar a percepção de crítica e público sobre a obra do cineasta norte-americano Wes Anderson ("Os Excêntricos Tenenbaums" e "Viagem a Darjeeling").
Seus detratores poderão acusá-lo fazer o filme de sempre, com personagens afetados e estilo maneirista.
Já os admiradores talvez prefiram dizer que Anderson renova seu olhar sobre temas essenciais, joga luz sobre personagens socialmente desajustados e que seu estilo idiossincrático chega a um novo patamar de sofisticação.
Aqui e ali há um pouco de verdade: Anderson é um maneirista sim, mas um maneirista com alma --o que, ao fim e ao cabo, é a própria definição de um autor de cinema.
Ou seja, seus maneirismos não servem apenas para chamar atenção a seu estilo, mas para criar um universo particular, impregnado de significados e leituras.
A assinatura mais evidente de seu estilo é o "travelling" perpendicular: a câmera movimenta-se horizontal ou verticalmente sobre trilhos, a 90 graus das cenas retratadas (e não na diagonal, como manda o figurino).
O resultado é teatral e cinematográfico: tem-se a impressão de estar vendo uma peça num palco italiano através de um binóculo (a câmera de Anderson).
A encenação está duplamente enunciada, mas nem por isso os sentimentos por trás dela são menos sinceros.
Aqui, Anderson refina o procedimento, com notável sentido de composição dos quadros e de uso das cores (no caso, de tons pastel).
A trama é, como de hábito, um caso de desarranjo social e afetivo. No verão de 1965, em uma ilha da Nova Inglaterra, um garoto (Jared Gilman) e uma garota (Kara Hayward) de 12 anos fogem juntos.
Ele é um órfão que larga um grupo de escoteiros. Ela, primogênita de pais (Bill Murray e Frances McDormand) que já não se entendem. Eles estão apaixonados.
Enquanto uma tempestade se aproxima, os fugitivos são procurados pelo xerife local (Bruce Willis) e pelo líder dos escoteiros (Edward Norton).
"Moonrise Kingdom" parece ser mais uma tentativa disfarçada, por parte de Anderson, de adaptar ao cinema a obra do escritor norte-americano J.D. Salinger ("O Apanhador no Campo de Centeio", "Franny e Zooey").
Não apenas capturar seu espírito, mas seguir os ciclos de seus personagens: o desencanto com os adultos (vistos como impostores), uma atrapalhada fuga e, por fim, uma relutante reconciliação.
Talvez Anderson não chegue jamais a traduzir com a precisão e originalidade de Salinger a beleza melancólica da passagem do mundo da infância para o adulto. Mas "Moonrise Kingdom" prova, mais uma vez, que seu esforço vale a pena.
MOONRISE KINGDOM
DIRETOR Wes Anderson
PRODUÇÃO EUA, 2012
ONDE Kinoplex Itaim e circuito
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO bom
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+NOTÍCIAS EM ILUSTRADA
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