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Mostra no Masp retrata a arte antes e depois de Dürer
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SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO
Embora Albrecht Dürer tenha apontado o caminho de uma representação humana sublime, a expressão pautada pela beleza da razão, a arte nórdica agora no Masp deixa claro que antes e depois do mestre a vida representada nessas gravuras passava bem ao largo da perfeição.
Mostra de gravuras reúne obras-primas de Dürer e do renascimento alemão
Na obra de artistas pré-Dürer, como Martin Schongauer e Mair von Landhust, prevalece a herança da arte medieval e os temas mais profanos do que sagrados.
Schongauer, um dos mestres de Dürer, está por trás de uma das gravuras mais célebres do período. Sua "Virgem Transtornada" é a representação exagerada do que se entendia por histeria feminina.
"Ela está despenteada, deixa ver o seio, está tocando algo fálico, como um pênis, e seu vestido está aberto na forma de um sexo feminino", descreve o curador Pascal Torres. "São todos acenos à histeria e à sensualidade."
Da mesma forma, Von Landhust retrata cortesãs à espera de clientes num bordel. São expressões que vão do tédio à malícia, humanas e ao mesmo tempo exageradas.
Em "O Bufão e a Cozinheira", o fundo e os ornamentos da gravura ganham uma coloração escarlate, mas os personagens, de expressão exagerada e grotesca, permanecem em preto e branco --o olhar monocromático como símbolo da humanidade intocada pelo êxtase divino.
Na outra ponta dessa evolução, o pós-Dürer, é esse êxtase que parece dominar as composições, que já não seguem a escala clássica nem noções de perspectiva e preferem a exaltação nervosa dos traços e das formas, um estilo que ficou conhecido como a escola de Danúbio.
"Todo esse classicismo alcançado por Dürer se transmite como uma infecção estilística que vai buscar mais efeitos de cores e luzes", diz Torres. "É um expressionismo medieval que se renova."
Nessa renovação, estão nomes como Lucas Cranach, Hans Baldung e Hans Wechtlin. Deste último, o Masp exibe "A Caveira", um crânio com as órbitas oculares mergulhadas num negro profundo que ilustra a morte, uma das peças mais célebres do renascimento alemão.
Baldung retoma a figura da bruxa, tema caro ao período medieval, numa composição de altíssimo contraste, fazendo reverberar contradições da condição humana sob roupagem fantástica.
RENASCIMENTO ALEMÃO
QUANDO de ter. a dom., das 10h às 18h; qui., até 20h; até 13/1/2013
ONDE Masp (av. Paulista, 1.578)
QUANTO R$ 15
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