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Opinião: Sintonia entre direção e texto é diferencial de 'Avenida Brasil'
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MARIA CARMEM JACOB DE SOUZA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Costuma-se dizer que somos uma nação de 190 milhões de técnicos de futebol e roteiristas de telenovelas.
Mas, muitas vezes, falta a esses milhões de apreciadores de novelas que somos a real percepção do que está por trás de um bom folhetim, aqueles guardados em nossa memória como os especiais, os inesquecíveis.
Pois bem, estes são, em geral, fruto de um encontro misterioso e bem sucedido entre os responsáveis pela sua criação. Os realizadores de ficção audiovisual, tão valorizados no cinema, podem passar despercebidos aos consumidores de telenovelas.
No entanto, é a conjugação, cada vez mais cuidadosa e eficiente, das parcerias entre o roteirista titular (e sua equipe) --que são vulgarmente chamados "o autor"-- e os diretores (o de núcleo, o geral e sua equipe) que nos garante a novela amada.
São estas parcerias que estabelecem a perspectiva estética da história a ser contada e que convocam os profissionais que estarão em condições de conduzi-la: atores, direção de fotografia, produção de arte e tantos outros que juntos fazem parte da confecção dos folhetins.
São muitos meses de trabalho em condições desafiadoras onde a qualidade desse time faz a diferença.
No sistema altamente complexo da fabricação de uma novela, é cada vez mais evidente o lugar peculiar dos diretores, que, ao conduzirem com maestria os elementos cênicos e visuais, transformam a boa história contada numa instigante experiência sensorial para o espectador.
Nos anos 1990, entrou em cena um rol especial de diretores-gerais que estavam sendo formados nas emissoras. No caso da Globo, Jayme Monjardim, Dennis Carvalho, Luiz Fernando Carvalho, Jorge Fernando, Denise Saraceni e Ricardo Waddington.
Hoje temos como responsáveis pela encenação das tramas uma nova geração que foi sendo formada por esse primeiro time.
Está aqui uma das marcas memoráveis que "Avenida Brasil", que terminou ontem, vai deixar.
A direção de núcleo que acompanhou João Emanuel Carneiro em "A Favorita" (2008) trouxe novamente a marca de Ricardo Waddington e a direção-geral de Amora Mautner e de José Luiz Villamarin.
Mautner vem de recente trabalho memorável na novela "Cordel Encantado" (2011).
Villamarin já trabalhou em mais de uma dezena de folhetins e minisséries e na êxitosa série "Força-Tarefa".
"Avenida Brasil", mais uma vez, consolida na historia da telenovela brasileira o lugar especial da direção e reafirma que a encenação é também autoral.
Muitos momentos excepcionais foram oferecidos.
A cena inaugural dos primeiros minutos que apresentaram o Divino, bairro fictício na zona norte do Rio, onde se passou a trama, no primeiro capitulo (que é sempre decisivo), por exemplo.
A primeira semana que coloca na ribalta as personagens Carmem Lúcia, Max, Rita e o universo do lixão, deixando a certeza de que nos meses seguintes os momentos seriam de arrebatamento total.
Muito mais pode ser dito. Fica-se com a certeza que "Avenida Brasil" perpetuou uma coleção vasta de excelentes momentos da teledramaturgia nacional.
MARIA CARMEM JACOB DE SOUZA é doutora em Ciências Sociais pela PUC-SP, professora da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e líder do grupo de pesquisa A-tevê - Análise da Teleficção
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