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Surfistas contam a história de colega em filme
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CHRIS DIXON
DO "NEW YORK TIMES"
Na manhã de 19 de dezembro de 1994, Jeff Clark parou sobre uma falésia acima da baía Half Moon, na Califórnia, vendo as ondas de 40 pés quebrarem num pico conhecido como Mavericks. O vento vinha do alto mar em rajadas perigosas, e Clark, 37, que já surfava ali fazia duas décadas, achou prudente esperar.
Vários amigos dele estavam na água, inclusive Jay Moriarity, 16. Quando a maior onda da manhã se formou, o vento ergueu a prancha de Moriarity como se ela fosse uma pipa. Ele caiu de uma altura equivalente a cinco andares e foi empurrado para 12 metros abaixo da superfície. Num barco próximo, o fotógrafo Bob Barbour assistia horrorizado.
Após meio minuto de tensão, Moriarity emergiu, nadou até o barco para trocar a prancha quebrada e se pôs novamente a remar. Perplexo, Barbour então capturou aquele que é geralmente considerado o maior tombo na história do esporte, uma imagem agora vista nos outdoors do filme "Tudo Por Um Sonho".
Ele conta a história de Moriarity, que morreu aos 22 anos, num acidente de mergulho, e da sua relação com a namorada (e depois esposa), Kim, e com seu mentor, Rick Hesson, vulgo Frosty. A coragem de Moriarity sobre a prancha e sua personalidade calorosa fizeram dele um herói local.
Hesson, Clark e outros dizem que os diretores do filme, Curtis Hanson e Michael Apted, conseguiram algo raro: um retrato hollywoodiano fidedigno do surfe e dos surfistas.
O produtor Brandon Hooper afirmou que estava ciente da falta de autenticidade de Hollywood ao abordar o surfe. As experiências anteriores foram "Maldosamente Ingênua" (1959), com Mickey Muñoz como dublê, de biquíni, "Mar Raivoso" (1964), com fundos risivelmente projetados, "Caçadores de Emoção" (1991), em que surfistas inexplicavelmente invertiam sua posição sobre a prancha a cada corte e "A Onda dos Sonhos" (2002), em que a computação gráfica serviu para valorizar Kate Bosworte.
"Dissemos: 'Precisamos retratar os surfistas de grandes ondas com surfistas de grandes ondas'", contou Hooper.
O elenco tem os não surfistas Gerard Butler, como Frosty, e Jonny Weston, como Jay, mas Grant Washburn, surfista do Mavericks, foi contratado para ajudar na coordenação dos dublês.
Os papéis dos contemporâneos de Hesson foram para habitués do Mavericks, três dos melhores do mundo em grandes ondas: Zach Wormhoudt, Greg Long e Peter Mel.
Quando Mel fez seu teste, ele antes se dirigiu aos cineastas. "O surfe do Mavericks, que criou a minha carreira e a história de Jay, é muitíssimo próximo a mim", disse. "Por favor, prestem atenção a cada detalhe e não deixem de escutar as pessoas da comunidade."
Hooper ficou intimidado. "Esses caras são loucos", afirmou. "Eles se jogam em ondas de 50 pés." No entanto, Hooper disse que todos foram "muito educados, concisos, prestativos e profissionais" e que não houve "egos em jogo".
Há quem duvide de que o filme irá se diferenciar de outros já feitos. Sam George concluiu recentemente um documentário de surfe cujo título diz tudo: "Hollywood Don't Surf!" ("Hollywood não surfa"). Ele disse que praticamente todos os filmes do gênero, inclusive o "Tá Dando Onda", talvez o de maior sucesso, apresentam três protagonistas masculinos "exatamente com o mesmo problema: pegar a última grande onda".
Mas Hesson diz que "Tudo Por Um Sonho" usa o surfe para falar de relacionamentos. "O esporte foi um meio, mas a história não é sobre isso."
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