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17/11/2012 - 03h00

Barry Miles, biográfo do "rei dos beats", está no Brasil

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ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

Uma parte importante da contracultura está no Brasil. O inglês Barry Miles, 69, autor, jornalista, ativista e agitador cultural dos anos 60 e 70, amigo pessoal de Paul McCartney, Allen Ginsberg e dos poetas "beat", está em Olinda (PE) para a Fliporto e depois irá a São Paulo e ao Rio autografar e debater "Jack Kerouac - King of the Beats", a biografia que escreveu sobre o autor de "On the Road".

Falar sobre os anos 60 sem mencionar Barry Miles é impossível. Em 1966, ele foi um dos fundadores do "International Times", um dos jornais alternativos mais importantes da Inglaterra.
Fundou também a Indica, galeria e livraria, que teve Paul McCartney como um de seus primeiros clientes e onde John Lennon conheceu Yoko Ono.

Miles é autor de mais de 30 livros, incluindo biografias de McCartney, Frank Zappa, Bob Dylan, Ginsberg e Kerouac. Escreveu dois volumes de memórias, "In the Sixties" e "In the Seventies" e publicou o importante "London Calling", sobre a história da contracultura londrina desde 1945.

O autor, que morou na casa de campo de Ginsberg no estado de Nova York, no início dos anos 70, quando foi contratado pelo poeta para organizar seus arquivos, elogiou "Na Estrada", a adaptação que o diretor Walter Salles fez de "On the Road".

"Gostei muito do filme, acho que ele (Salles) fez um ótimo trabalho de reconstituição da época e capturou bem o espírito libertário da história", diz o autor.

Como personagem central da efervescência dos anos 60, Miles tem uma visão crítica sobre a percepção, muito em voga hoje em dia, de que a década foi marcada só por loucuras e delírios.

"Muito do que se fala sobre os anos 60 --a liberdade sexual, a intensa experimentação com drogas-- só aconteceu, de fato, nos anos 70", diz. "Nos anos 60, não havia sequer pelos pubianos em fotos de revistas, era um tempo muito pudico e reacionário."

Miles esteve muito próximo de ídolos da música dos anos 60. Foi gerente do Zapple, o subselo da gravadora Apple, dos Beatles. O Zapple foi criado para lançar discos experimentais e falados, mas fechou depois de apenas dois lançamentos.

Miles foi uma espécie de "mentor" de McCartney quando este passou a se interessar por arte de vanguarda, no fim de década de 60. Apresentou o beatle a gente como Ginsberg e William Burroughs. Acabou escrevendo, em 1997, "Many Years From Now", a biografia oficial do músico.

"Paul é um artista corajoso e sempre aberto a novidades", conta Miles.

"Quando fiz o livro, confessou suas experiências com heroína, coisa que só as pessoas mais chegadas a ele sabiam. Mas não pediu para excluir nada do texto, a não ser uma ou duas passagens sobre antigas namoradas, que poderiam chatear Linda (McCartney, esposa de Paul). Na época, Linda estava morrendo de câncer, e tudo que Paul não queria fazer era magoá-la."

Atualmente, Miles prepara uma biografia de William Burroughs, que será lançada em 2014, ano do centenário de nascimento do escritor. Miles teve acesso até aos arquivos de internações psiquiátricas de Burroughs. "Os relatórios médicos sobre a saúde mental dele são fascinantes", diz.

Barry Miles estará nesta segunda, dia 19, às 20h, na Casa do Saber, em São Paulo (Rua Dr. Mario Ferraz, 414, Jardins, tel. 3707-8900), onde autografa sua biografia de Kerouac e participa de um debate com o ensaísta Cláudio Willer e o crítico Jotabê Medeiros. As vagas são gratuitas e limitadas.

No dia 21, terça, às 17h, faz o mesmo na Casa do Saber no Rio de Janeiro (Av. Epitácio Pessoa, 1164, Lagoa, Rio de Janeiro, tel. 0/xx/21/2227-2237).

 

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